Após pedido do Ministério Público Federal, Ufes abre procedimento para anular homenagens a agentes da ditadura — Procuradoria da República no Espírito Santo

0
94

Direitos do Cidadão

23 de Abril de 2024 às 12h16

Após pedido do Ministério Público Federal, Ufes abre procedimento para anular homenagens a agentes da ditadura

Um ex-presidente e um ex-ministro da ditadura militar brasileira têm títulos de Doutor Honoris Causa concedidos pela Ufes

Arte retangular com fundo vermelho e o texto Justiça de Transição, na cor amarela


Arte: Comunicação/MPF

Após pedido do Ministério Público Federal (MPF), a Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) abriu um processo administrativo para reavaliar títulos de Doutor Honoris Causa concedidos pela instituição ao ex-presidente Emílio Garrastazzu Médici e ao ex-ministro da Educação e Cultura general Rubem Carlos Ludwig, durante a ditadura militar brasileira.

Médici, terceiro presidente do regime militar no país, recebeu a mais alta honraria concedida pela Ufes em 1976. Já Ludwig foi homenageado em 1983.

O MPF pediu ainda que fossem identificados os locais na instituição que ainda levam nomes em homenagem a antigos dirigentes que aderiram à ditadura militar em todos os campi da Universidade.

Segundo o Relatório Final da Comissão da Verdade da Ufes (CVUfes), as violações de direitos humanos durante o período da ditadura militar atingiram cerca de 90 pessoas, entre estudantes, funcionários e professores da instituição.

Ambos os pedidos do MPF constam entre as recomendações do relatório final da CVUfes.

“A permanência de pessoas que participaram das violações de direitos humanos perpetradas no bojo da ditadura militar no Brasil no quadro de homenageados da Ufes perpetua a violência por eles praticada, mantém viva a dor dos que sofreram, inclusive na memória coletiva, e retrata o algoz como herói, como alguém importante para a instituição e para a sociedade”, justificou a procuradora regional dos Direitos do Cidadão Elisandra de Oliveira Olímpio.

Ela destacou ainda que o MPF atua para trazer à luz as práticas atrozes cometidas pelo Estado brasileiro naquele período e para assegurar o direito à memória, especialmente para que fatos como esses não venham a se repetir.

Procedimento 1.17.000.000514/2024-98

Fonte MPF