Simpósio aborda impacto do desemprego de egressos do sistema prisional em PE na segurança pública — Procuradoria da República em Pernambuco

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Fiscalização de Atos Administrativos e Sistema Prisional

11 de Setembro de 2024 às 11h38

Simpósio aborda impacto do desemprego de egressos do sistema prisional em PE na segurança pública

Participantes trataram de soluções para contribuir com a quebra do ciclo de reincidência na criminalidade

Cinco homens de terno e uma mulher de vermelho sentados à mesa de um auditório, voltados para o público.


Foto: Ascom/PRPE

A falta de trabalho para as pessoas que deixam a prisão após o cumprimento das penas e o impacto desse desemprego na segurança pública foram discutidos durante o simpósio “Empregabilidade dos Egressos do Sistema Prisional no Estado de Pernambuco”, realizado na última terça-feira (10), na sede da Procuradoria da República em Pernambuco, unidade do Ministério Público Federal (MPF) no Recife.

O evento foi promovido conjuntamente por MPF, Ministério Público do Trabalho (MPT), Ministério Público de Pernambuco (MPPE), Conselho Penitenciário do Estado de Pernambuco (Copen/PE) e Tribunal de Justiça do Estado de Pernambuco (TJPE). A abertura foi feita pela procuradora da República Silvia Regina Pontes Lopes, que representa o MPF no Copen.

Também integraram a mesa de abertura o presidente do Copen/PE, advogado Jorge Neves, o promotor de Justiça Fernando Falcão, o procurador do Trabalho Leonardo Mendonça, o juiz de Direito Roberto Bivar, titular da 2ª Vara de Execuções Penais de Pernambuco, e o advogado Adriano Cabral, representante da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).

Segundo a procuradora da República, além de uma reflexão sobre o tema, o objetivo do simpósio foi buscar soluções concretas, no âmbito das atribuições de cada entidade presente, para o enfrentamento do problema. Participaram do simpósio representantes do Sistema S, da Associação Municipalista de Pernambuco (Amupe) e de conselhos profissionais, bem como de órgãos da Administração Pública direta, autárquica e fundacional federais no Estado de Pernambuco, entre outros.

Silvia Lopes explicou que “existe legislação federal – o Decreto Federal n° 9.450, de 24 de julho de 2018 – que obriga os órgãos da administração pública direta, as fundações e as autarquias federais a exigirem das empresas particulares contratadas o emprego de pessoas presas ou egressas”. Se necessário, o MPF poderá fazer uso de instrumentos extrajudiciais e judiciais – como recomendações e ações civis públicas – para garantir o cumprimento da lei, detalhou a procuradora da República.

Ciclo de reincidência – Para o presidente do Copen, a diversidade de entidades representadas no evento foi significativa. “A ideia é envolver não só o setor público, mas toda a sociedade neste debate”, afirmou. O juiz Roberto Bivar compartilhou a realidade vivenciada na vara judicial. Segundo ele, sem oportunidade de trabalho após deixar a cadeia, a grande maioria retorna, sim, ao crime.

O procurador do Trabalho Leonardo Mendonça propôs uma reflexão sobre a correção do uso do termo ressocialização ao se referir às medidas voltadas à recuperação dos internos. “Não seria de fato uma socialização, já que muitos nunca tiveram acesso a qualquer direito, como educação? Alguns sequer podem ser contratados porque não têm documentos pessoais.” Segundo ele, a obrigatoriedade legal para que o poder público contrate pessoas presas ou egressas é uma chance para que saiam das prisões melhor do que entraram, o que impacta a segurança pública como um todo. “Se é alta a reincidência, significa que o Estado está falhando. Cabe ao Ministério Público cobrar o cumprimento da lei, mas cada entidade pública tem a responsabilidade de contribuir para mudar esse cenário”, pontuou.

Para o promotor Fernando Falcão, é fundamental à Secretaria de Administração Penitenciária e Ressocialização (Seap) de Pernambuco ser proativa na busca de colocação profissional para os egressos. “Quando o interno retorna para o mesmo contexto social, sem trabalho, retoma a prática dos delitos, pois não vê como seguir com a vida fora da criminalidade”, afirmou. “É preciso que o desencarceramento seja feito de forma mais responsável”, enfatizou o promotor.

Ele mencionou dados, de 2023, que indicam como a morte de egressos se reduz entre aqueles que estão trabalhando. Das 101 pessoas assassinadas após deixarem o sistema prisional, no ano passado, apenas três tinham emprego. “Quanto mais oportunidades criarmos para que saiam dessa roda esmagadora do crime, melhor para toda a sociedade”, concluiu.

Assessoria de Comunicação Social
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Fonte MPF