Projeto arquitetônico de receptivo turístico para assentamento em Delmiro Gouveia é apresentado — Procuradoria da República em Alagoas

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Patrimônio Cultural

9 de Junho de 2024 às 20h5

Projeto arquitetônico de receptivo turístico para assentamento em Delmiro Gouveia é apresentado

Atuação do MPF garantiu que trabalhadores rurais fossem consultados sobre intervenção no assentamento Lameirão, que atua pela preservação de sítios arqueológicos no sertão

Registro fotográfico das pessoas reunidas na comunidade


Foto: Comunicação MPF/AL

Na última sexta-feira, dia 07, o Ministério Público Federal (MPF) esteve presente na apresentação do projeto arquitetônico do novo receptivo do assentamento de trabalhadores rurais Lameirão, localizado no município de Delmiro Gouveia, sertão alagoano. A proposta, elaborada por técnicos municipais, foi submetida a uma consulta livre, prévia e informada junto aos assentados, garantindo a participação ativa da comunidade na decisão sobre intervenções que afetam seus direitos coletivos.

A reunião, coordenada pelos próprios moradores do Lameirão, contou com a participação da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Secretaria do Turismo e Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), responsável pela proteção do Monumento Natural (Mona) do Rio São Francisco, uma Unidade de Conservação Federal.

A atuação do MPF remonta a 2022, iniciada após uma visita da Fiscalização Preventiva Integrada (FPI) do Rio São Francisco. Essa atuação garantiu que a intenção de implantação de um parque municipal na região não ocorresse, uma vez que isso levaria à necessária realocação da população. Após debates com os assentados e a administração municipal, optou-se pela construção de um receptivo para receber estudantes, turistas e visitantes, atendendo às necessidades apontadas pela comunidade.

Receptivo Lameirão O projeto arquitetônico inclui uma cozinha coletiva, dormitório, copa, sala de reuniões, mini-auditório, recepção/sala de exposição e outras estruturas solicitadas pelos assentados. As sugestões dos participantes serão incorporadas ao projeto, que ainda será submetido à aprovação do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Essas entidades garantirão o cumprimento das normas de proteção do patrimônio cultural e as exigências internacionais para o beneficiamento dos alimentos produzidos localmente.

O procurador da República Érico Gomes destacou a importância da atuação do MPF na preservação dos direitos da comunidade. “Estar aqui hoje, comprovando o amadurecimento organizacional desta comunidade de assentados e o respeito à autonomia e autorregulação por parte da gestão municipal é uma grande satisfação. Vi que o projeto apresentado atende plenamente aos principais anseios da comunidade e agora espero que, em assembleia, os trabalhadores decidam o local onde o equipamento ficará”, afirmou.

Com a obra já licitada, o início da construção aguarda apenas a aprovação final do projeto, com previsão de conclusão em até 10 meses. Após finalizada, a estrutura será doada à comunidade, que assumirá a gestão do espaço. Os assentados têm se destacado na preservação do meio ambiente e dos 18 sítios arqueológicos identificados na região, sendo um exemplo de sucesso do Movimento Sem Terra (MST) em Alagoas.

O assentamento desenvolve o projeto Veredas da Caatinga, capacitando jovens como guias turísticos especializados nos sítios arqueológicos, na caatinga e na geografia local. Estes jovens guiam visitantes por uma trilha de até 5 km, explorando formações rochosas e a fauna e flora exclusivas do bioma da caatinga.

Receptivo Lameirão A comunidade também se dedica à agricultura familiar de base agroecológica, produzindo mel, doces, raízes, além de criar caprinos e outros animais de pequeno porte. Desde sua criação em 1989, após uma intensa luta política, o assentamento Lameirão tem promovido desenvolvimento, emprego e renda na região do sertão alagoano.

O assentamento Lameirão surgiu de uma ocupação organizada pelo MST e sindicatos de trabalhadores rurais, em uma área de 1.643 hectares adquirida pelo governo após intensa pressão popular. Desde então, a comunidade tem investido em infraestrutura e se organizado através da Associação de Cooperação Agrícola do Assentamento Lameirão, que administra o desenvolvimento local.

A entrega do equipamento para a comunidade promoverá a integração com turistas e pesquisadores e reforçará o papel dos assentados na preservação ambiental e cultural na região.

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Fonte MPF