PGR recebe visita de estudantes indígenas venezuelanos refugiados no Brasil — Procuradoria-Geral da República

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Geral

27 de Maio de 2024 às 17h50

PGR recebe visita de estudantes indígenas venezuelanos refugiados no Brasil

Pertencentes à etnia Warao Coromoto, crianças e adolescentes estudam na rede pública do DF

Foto mostra equipe que recebeu os estudantes, de camisa branca, e ao fundo os alunos que estiveram no Memorial do MPF, na Procuradoria Regional da República.


Foto: Antonio Augusto/Secom/MPF

“Aqui a gente cuida dos direitos”. Essa frase foi dita por Mateo, de 6 anos, um dos indígenas venezuelanos que visitaram a sede da Procuradoria-Geral da República (PGR), em Brasília, na manhã desta sexta-feira (24). O grupo, formado por 18 crianças e adolescentes, entre 6 e 17 anos, estudantes da rede pública do Distrito Federal, participou de atividades educativas e de entretenimento sobre o Ministério Público Federal e conheceram a exposição “Indígenas, no plural”, no Memorial MPF.

Os indígenas da etnia warao coromoto fazem parte de cerca de 125 mil migrantes e refugiados da Venezuela que atualmente vivem no Brasil por conta da crise política e econômica dos últimos anos em seu país. A comunidade chegou ao Brasil em 2019 e atualmente reside na zona rural de São Sebastião (DF), em uma unidade de acolhimento da Caritas Arquidiocesana de Brasília. Lá recebem atendimento médico, cultural, social e as crianças e adolescentes estudam, desde o ano passado, na Escola Classe Morro da Cruz, da rede pública do Distrito Federal.

Os estudantes participaram de uma visita guiada e aprenderam mais sobre o Ministério Público e o papel das instituições na defesa da democracia, das leis e dos direitos dos cidadãos. Eles também assistiram a animações da Turminha do MPF, que apresentaram histórias curtas e explicativas sobre as áreas de atuação da instituição, usando uma linguagem lúdica e didática. Temas como meio ambiente, acessibilidade, corrupção e eleições foram abordados nos vídeos. “Eles gostaram muito da exibição dos vídeos, por conta do conteúdo lúdico. O que mais chamou atenção foi a parte que mostrou as crianças na escola, porque se identificaram”, destacou a professora Danielle Benevides.

Direitos e deveres dos povos indígenas são temas trabalhados em sala de aula pelo professor Rogério Durães. “Eles têm consciência de que existem direitos e deveres, pois vivenciam isso dentro das comunidades. Através das regras comunitárias, conseguem discernir o que é permitido e o que não é. Estar em espaços como este faz com que despertem ainda mais para a importância de proteger seus direitos”, enfatizou. Para o professor, a oportunidade também “aumenta o leque cultural e intelectual deles, que ainda estão conhecendo a cultura e a história do Brasil”.

Servidores da Coordenadoria de Memória Institucional da Secretaria Jurídica e de Documentação (Sejud) conduziram a visita e mostraram aos visitantes a importância do MPF para a sociedade. Divididas em dois grupos, as crianças ouviram curiosidades sobre a construção da PGR, a história da instituição e de seus integrantes. Além disso, elas se divertiram com jogos interativos que utilizam imagens e palavras relacionadas ao Ministério Público. “Visitas como essa são importantes para que as crianças saibam que existem pessoas trabalhando para proteger seus direitos e para que tenham um vislumbre do futuro, saindo daqui esperançosas e cheias de sonhos”, concluiu a coordenadora de memória institucional, Caroline Beasley. Ao final do encontro, os estudantes lancharam, desenharam e receberam edições do Almanaque da Turminha do MPF.

A PGR está em tratativas para retomar o Programa Escola Cidadã, que oferece visitas guiadas semanais a estudantes da rede pública do Distrito Federal. “Nosso objetivo é transmitir os valores do MPF, para que saibam que existe um órgão que defende os direitos da sociedade e que eles se enxerguem profissionalmente trabalhando aqui no futuro”, enfatizou Caroline Beasley.

Acolhimento – Entre os desafios enfrentados no acolhimento dos refugiados indígenas, o professor Rogério Durães destacou a dificuldade com o idioma – alguns dos indígenas falam apenas a sua língua originária, outros falam também espanhol, mas poucos falam português. Outro desafio foi o processo de socialização e adaptação à rotina escolar. “Apesar de serem disciplinados e respeitarem a autoridade do professor, assim como fazem em suas comunidades, foi o primeiro contato deles com a escola. É um processo longo, mas já vemos muitos resultados”, explicou Durães.

Para ajudar os indígenas a se sentirem pertencentes, a escola desenvolveu um projeto que incluiu exposições feitas pelos próprios estudantes sobre onde e como viviam em suas terras originárias, a produção de comidas típicas pelas famílias e apresentações culturais para a comunidade escolar. “Eles são muito interessados e gostam de mostrar sua cultura para outras pessoas. Então, essa foi a forma que encontramos para que se sentissem acolhidos. Foi emocionante ver como ficaram envolvidos e como os outros estudantes os receberam”, afirmou a vice-diretora Adenilsa Rodrigues.

A visita também contou com a presença de uma representante da Gerência de Educação em Direitos Humanos e Diversidade da Secretaria de Educação do Distrito Federal (SEEDF). Para Marcela Ribeiro, “oportunidades como essa são importantes para que eles se sintam cada vez mais acolhidos, que se sintam representados e que percebam que têm um lugar. Eles podem se ver ali de alguma forma, nessa exposição, nesses espaços. E isso é mais uma forma de acolher e de mostrar que eles são parte da sociedade”. A gerência acompanha diversos grupos de estudantes em situação de vulnerabilidade ligados às pautas de direitos humanos, migrantes, indígenas, pessoas em situação de rua ou em extrema vulnerabilidade, prestando apoio pedagógico às escolas.

Ela elogiou o trabalho de acolhimento aos indígenas desenvolvido pela escola e enfatizou os resultados, “A escola tem feito um trabalho de excelência, um acolhimento culturalmente sensível, que leva em consideração os aspectos culturais, incluindo os hábitos alimentares. Eles procuraram conhecer e compreender a cultura e realmente dialogar para fazer um trabalho acolhedor. Agora vemos o resultado: eles estão permanecendo, e outros que chegam querem ir para a escola”, concluiu.

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Fonte MPF