Na sede do MPF em Belém (PA), Marcha das Mulheres Negras lança Manifesto por Justiça Climática — Procuradoria da República no Pará

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Comunidades Tradicionais

17 de Outubro de 2025 às 14h23

COP30: Na sede do MPF em Belém (PA), Marcha das Mulheres Negras lança Manifesto por Justiça Climática

O documento propõe uma agenda política centrada em justiça climática e reparação histórica

Mulher negra de roupa e turbante branco discursa ao microfone em evento com a faixa "Marcha das Mulheres Negras por Reparação e Bem Viver Brasília | 2025" e tecido estampado.


Fotos: Marcha das Mulheres Negras e Comunicação/MPF

Às vésperas da 30ª Conferência da Organização das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), evento que reunirá lideranças políticas e ativistas climáticos de todo o mundo em Belém (PA), mulheres negras de diferentes territórios e trajetórias se reuniram na sede do Ministério Público Federal (MPF) na capital paraense para lançar o Comitê Mulheres Negras por Justiça Climática e o Manifesto Político das Mulheres Negras por Justiça Climática. O encontro foi realizado no último dia 10.

No evento, as mulheres negras afirmaram: “não há justiça climática sem justiça racial e de gênero”. A ocasião, tomada por força e ancestralidade, também marcou um passo decisivo rumo à Marcha das Mulheres Negras por Reparação e Bem Viver 2025, confirmada para 25 de novembro, em Brasília (DF).

Seis mulheres negras sentadas em uma mesa de painel com faixas da "Marcha das Mulheres Negras por Reparação e Bem Viver Brasília | 2025" e um fundo com a inscrição "MPF - Procuradoria da República no Pará".“O lançamento do comitê simboliza a força de um movimento que sempre esteve à frente das lutas em defesa dos territórios”, afirmou a coordenadora executiva da organização Odara – Instituto da Mulher Negra e integrante do Comitê Nacional da Marcha, Naiara Leite. “Nós, mulheres negras, defendemos nossos espaços desde sempre – nas comunidades, nas casas de axé, nas ruas. É natural que estejamos no centro das decisões sobre clima, porque é do nosso lugar que esse debate precisa partir”.

A pesquisadora Thainara Gomes, do Centro Brasileiro de Justiça Climática (CBJC), também presente no evento, ressaltou que as mulheres negras estão tanto na linha de frente das vulnerabilidades quanto das soluções. “Sempre precisamos inventar arranjos sociais, econômicos e territoriais para sobreviver. Por isso, também somos quem mais inova e cria respostas diante da crise”, afirmou. Dados da organização Oxfam Brasil reforçam o argumento da ativista: cerca de 67% das pessoas que vivem em áreas de risco ambiental no país são negras (2023).

Crianças e mulheres em roupas de dança amarela e azul em um auditório com o fundo "MPF - Procuradoria da República no Pará".Amazônia negra – Ainda durante o lançamento, a Amazônia negra foi destacada como eixo central da luta. “O mundo precisa entender que pensar a Amazônia é pensar nas vidas humanas e nas identidades que formam esse território”, observou a integrante da Rede Fulanas – Negras da Amazônia e do Comitê Nacional da Marcha, Jane Neves. Já uma das integrantes do Comitê Impulsor da Marcha no Pará, Flávia Ribeiro, enfatizou que é hora de reeducar o olhar sobre a região. “Nós estamos aqui, produzimos aqui e sentimos os efeitos da crise climática todos os dias. É dessa vivência que queremos falar – de uma Amazônia negra que pensa e propõe justiça climática desde o chão em que pisa”, afirmou.

O manifesto, que reforça que não é possível discutir transição energética sem considerar a voz das mulheres negras, quilombolas e de comunidades tradicionais, funcionará como uma bússola para a atuação do movimento de mulheres negras durante a COP30. Construído a partir da contribuição de dezenas de organizações e ativistas, o documento também propõe caminhos: do financiamento climático antirracista à construção de políticas públicas que garantam ar limpo, água potável, comida saudável e dignidade para povos negros, indígenas e periféricos.

Apoio total do MPF – Presentes na mesa de abertura do evento, representantes do MPF no Pará destacaram o privilégio que é, para a instituição, ter sediado o encontro, reforçando a abertura do órgão para as pautas da sociedade.

O procurador-chefe do MPF no Pará, Felipe de Moura Palha, ressaltou que a realização de eventos como esse é parte de um esforço para transformar a sede da instituição em uma casa de acolhimento às demandas do povo. Ele ressaltou que os membros do MPF têm a obrigação de abrir espaços para o debate de questões essenciais para a sociedade.

Segundo o procurador-chefe, a transformação das sedes do MPF em espaços públicos para discussões essenciais à sociedade “é uma necessidade” para que o órgão cumpra verdadeiramente sua missão constitucional de combater as injustiças sociais em busca de uma sociedade mais igualitária.

No mesmo sentido, o procurador regional dos Direitos do Cidadão no Pará, Sadi Machado, afirmou que “o lançamento do Comitê Mulheres Negras por Justiça Climática no auditório do MPF simboliza e reforça o nosso compromisso com a defesa dos direitos fundamentais e, sobretudo, com a justiça racial e com a justiça de gênero, sem a qual não há justiça climática possível”.

Íntegra do manifesto

Cerca de quarenta pessoas, em sua maioria mulheres negras, posam em auditório com uma faixa da "Marcha das Mulheres Negras" no centro.

*Com informações da Marcha das Mulheres Negras

Ministério Público Federal no Pará
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Fonte MPF