MPs e Defensorias apontam novo caso de remoção forçada de pessoas em situação de rua em Belém (PA) — Procuradoria da República no Pará

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Direitos do Cidadão

16 de Outubro de 2025 às 19h15

COP30: MPs e Defensorias apontam novo caso de remoção forçada de pessoas em situação de rua em Belém (PA)

MPF, MPPA, DPU e DPE-PA reforçam à Justiça pedido de urgência na análise de ação para garantir direitos dessa população

Cena do vídeo apresentado à Justiça, em que pessoa em situação de rua recolhe seus pertences rodeada por policiais


Cena do vídeo apresentado à Justiça, em que pessoa em situação de rua recolhe seus pertences rodeada por policiais

O Ministério Público Federal (MPF), o Ministério Público do Estado do Pará (MPPA), a Defensoria Pública da União (DPU) e a Defensoria Pública do Estado do Pará (DPE-PA) reforçaram à Justiça Federal, nesta quarta-feira (15), um pedido de decisão urgente para proteger os direitos da população em situação de rua em Belém (PA).

Em nova manifestação, as instituições apresentaram um registro audiovisual que retrata uma remoção forçada ocorrida na Praça do Relógio, antes do Círio de Nazaré, acentuando o risco de “limpeza social” na cidade às vésperas da 30ª Conferência da Organização das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30).

O vídeo, divulgado na internet e que chegou ao conhecimento dos autores da ação na segunda-feira, mostra uma operação da Polícia Militar em conjunto com outros órgãos. Na publicação, uma das pessoas se refere à ação como “Operação Limpa Ver-o-Peso pro Círio”. Para os MPs e as Defensorias, o episódio reforça as denúncias de violações e a necessidade de uma intervenção judicial imediata.

Na manifestação, as instituições apontam que, em resposta à repercussão do caso, o prefeito de Belém justificou as operações com base no combate ao tráfico de drogas e alegou que houve assistência social. No entanto, os autores da ação rebatem o argumento, citando dados de uma inspeção realizada em julho de 2025 que comprovou a “clara insuficiência na rede de acolhimento municipal”. Na ocasião, foi verificado que o município de Belém contava com apenas 40 vagas em abrigos, das quais somente duas estavam disponíveis.

“Essa realidade contradiz, portanto, as declarações públicas do prefeito, uma vez que a estrutura de acolhimento e o sistema de saúde municipal são manifestamente incapazes de atender à demanda da população em situação de rua”, afirmam na manifestação, reiterando o pedido de decisão judicial urgente.

Contexto da ação –  O reforço do pedido ocorre dias após as quatro instituições ajuizarem, no último dia 10, uma ação contra a União e o município de Belém. A ação aponta omissões sistemáticas no cumprimento de normas que asseguram direitos fundamentais, incluindo o descumprimento de uma medida cautelar do Supremo Tribunal Federal (STF) na Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) nº 976, que determinou uma série de proteções a essa população em todo o país.

A petição inicial detalha um cenário de grave vulnerabilidade, com o aumento de mais de 500% da população de rua em Belém nos últimos oito anos, segundo o Observatório Brasileiro de Políticas Públicas. Entre os problemas apontados estão a ausência de um diagnóstico oficial sobre esse público, a insuficiência crônica de vagas de acolhimento e a precariedade extrema de equipamentos como a Casa Rua Nazareno Tourinho, classificada como “crítica” e “totalmente inadequada” em parecer técnico.

Diante do novo indício de remoção forçada e da proximidade da COP30, os MPs e as Defensorias alertam que o indeferimento de uma decisão judicial urgente negaria a efetividade das políticas públicas e manteria essa população em situação de extrema vulnerabilidade social. Entre as medidas urgentes solicitadas à Justiça, estão a proibição do recolhimento forçado de bens e da remoção compulsória de pessoas, a disponibilização de bebedouros, banheiros, itens de higiene e estruturas provisórias de abrigo, e a criação de ao menos 250 vagas em casas de passagem.

Ação Civil Pública nº 1053723-12.2025.4.01.3900

Íntegra da manifestação

Íntegra do vídeo apresentado à Justiça

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Fonte MPF