Meio Ambiente
28 de Abril de 2025 às 18h9
MPF reforça necessidade de estudos para novas intervenções no canal da boca da Barra de Saquarema (RJ)
Instituição pede suspensão de novas obras e comprovação de cumprimento de sentença judicial que exige estudo de impacto ambiental atualizado
Foto: Divulgação/Saquarema
O Ministério Público Federal (MPF) reforçou, em manifestação recente, a necessidade de apresentação de novo Estudo de Impacto Ambiental (EIA/Rima) pelo Instituto Estadual do Ambiente (Inea) para qualquer nova intervenção no canal da boca da Barra de Saquarema, no Rio de Janeiro. A atuação visa garantir o cumprimento de sentença judicial que declarou a nulidade das licenças ambientais emitidas anteriormente e determinou a suspensão das obras no local.
As obras no canal tiveram início em outubro de 2021, com justificativa de emergência não comprovada, no valor de R$ 10 milhões. Desde então, o MPF tem atuado para assegurar o cumprimento das decisões judiciais, que impõem a paralisação das intervenções até a realização de estudos aprofundados sobre os impactos ambientais e a segurança da navegação.
Em setembro de 2022, nova decisão da Justiça Federal permitiu apenas a estabilização de blocos de pedra que haviam rolado para a entrada do canal. Essa intervenção específica foi autorizada de forma excepcional, mediante orientações técnicas. Todas as demais obras permanecem suspensas até o cumprimento integral das exigências judiciais.
Apesar das determinações, o Inea não comprovou o atendimento à sentença. Conforme reportado pela imprensa local, a autarquia estadual planeja realizar novas obras, agora orçadas em cerca de R$ 15 milhões, sem a apresentação de um EIA/Rima atualizado, o que preocupa autoridades e moradores em razão dos riscos ao meio ambiente e à segurança dos usuários do canal.
Relatório técnico produzido pelo corpo pericial do MPF indica que apenas com obras devidamente estudadas, projetadas e validadas em modelos matemáticos e hidráulicos será possível garantir a segurança da navegação e reduzir o assoreamento. O estudo também destaca a importância de abordar o tratamento de esgoto na região para evitar a poluição da lagoa e das praias adjacentes.
Suspensão das obras – Diante da situação, o MPF solicitou à Justiça Federal, e no início do mês, a imediata suspensão de qualquer obra em andamento, a intimação dos responsáveis — incluindo o Inea, o estado do Rio de Janeiro, o município de Saquarema, autoridades locais e a empresa contratada — e a comprovação, no prazo de 30 dias, do cumprimento da sentença judicial.
O MPF ressalta que, até o momento, a única intervenção autorizada judicialmente é a estabilização das pedras no canal. Para a execução de qualquer outra obra, é imprescindível a realização de novo EIA/Rima e o devido acompanhamento técnico, de forma a assegurar a proteção do meio ambiente costeiro e a adequada aplicação de recursos públicos.
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Fonte MPF