MPF recomenda que o INSS adote medidas para garantir ressarcimento de aposentados vítimas de descontos indevidos — PFDC

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Direitos do Cidadão

20 de Maio de 2025 às 17h30

MPF recomenda que o INSS adote medidas para garantir ressarcimento de aposentados vítimas de descontos indevidos

Reembolso por meio digital anunciado pelo governo federal pode deixar população vulnerável sem acesso ao reembolso previsto

imagem focada em uma mão acessando o aplicativo do INSS


Foto: Joédson Alves/Agência Brasil

A Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão (PFDC), órgão do Ministério Público Federal (MPF), enviou recomendação ao Instituo Nacional do Seguro Social (INSS) e ao Ministério da Previdência, solicitando a adoção de medidas mais inclusivas e eficazes para garantir o ressarcimento dos valores subtraídos indevidamente de aposentados e pensionistas. Enviado nesta terça-feira (20), o documento destaca que o plano adotado pelo governo federal de reembolsar as vítimas exclusivamente por meio digital pode prejudicar aqueles socialmente vulneráveis, como indígenas, quilombolas, aposentados rurais, analfabetos e idosos em situação de fragilidade socioeconômica.

Para essas populações e para os beneficiários que recebem até um salário mínimo, a solicitação é para que o INSS estabeleça um rito declaratório simplificado para que elas possam relatar irregularidades nos descontos sofridos. A PFDC também propõe que, uma vez confirmado o desconto indevido, o valor seja devolvido em até 30 dias, diretamente na conta do segurado. O entendimento é o de que a comunicação exclusiva por meio digital ou telefônica pode deixar esses cidadãos e cidadãs desamparados, impedindo-os de exercer seu direito ao ressarcimento.

“A falta de familiaridade com plataformas online e, em alguns casos, a ausência de acesso à internet e a dispositivos eletrônicos de comunicação são capazes de gerar desigualdade no acesso à informação adequada e à justiça”, frisa a recomendação assinada pelo procurador federal dos Direitos do Cidadão, Nicolao Dino, e pelos procuradores da República Anselmo Lopes, do MPF no Distrito Federal, e Fabiano de Moraes, do MPF no Rio Grande do Sul.

A PFDC também recomenda que, para os demais segurados, seja viabilizado, com urgência, o atendimento presencial nas agências da Previdência Social. Como alternativa, o MPF sugere a utilização de postos avançados em parceria com instituições públicas, como os Correios, para facilitar o acesso dos beneficiários aos canais de contestação. A recomendação também inclui a realização de mutirões itinerantes em áreas rurais e de difícil acesso, garantindo que todos os aposentados e pensionistas, independentemente do grau de familiaridade com ferramentas digitais, possam ter seus casos analisados de forma justa e eficiente.

Acordos de Cooperação Técnica – A Operação Sem Descontos, realizada em abril deste ano, revelou um amplo esquema de descontos indevidos de mensalidades associativas aplicados diretamente sobre benefícios previdenciários pagos pelo INSS entre 2019 e 2024. As investigações identificaram a participação de diversas entidades, como sindicatos e associações, que vinham efetuando cobranças sem autorização dos aposentados e pensionistas.

Em resposta às descobertas iniciais, o INSS anunciou o bloqueio dos repasses e a suspensão dos Acordos de Cooperação Técnica (ACTs) com algumas dessas entidades, interrompendo os descontos em folha. No entanto, a PFDC alerta que, de acordo com informações veiculadas pela imprensa, nem todas as organizações citadas na investigação foram alcançadas pelas medidas de cautela, o que levantou dúvidas sobre a efetividade da resposta institucional.

Diante disso, a PFDC também recomendou que o INSS e o Ministério da Previdência adotem medidas imediatas para bloquear todas as entidades mencionadas nas investigações, sem exceções. A recomendação inclui a suspensão de todos os ACTs vigentes e a interrupção completa dos descontos em folha de pagamento, além da inclusão dessas entidades no plano de recuperação de valores, com o objetivo de garantir o ressarcimento integral dos prejuízos causados aos beneficiários.

A PFDC também solicitou, em caráter de urgência, a elaboração de um plano detalhado para investigar instituições financeiras que apresentaram crescimento expressivo na concessão de empréstimos compulsórios nos últimos anos e que lideram os índices de reclamações por parte de clientes e associados. O plano deve prever medidas específicas para reparar os danos causados, com atenção especial às populações mais vulneráveis, e a aplicação de sanções administrativas às instituições envolvidas, que podem variar de advertências ao descredenciamento, conforme previsto nas normas regulatórias e nos dados apurados pelas autoridades.

A recomendação é resultado de atuação coordenada que envolveu a PFDC e as Procuradorias Regionais dos Direitos do Cidadão de Brasília e do Rio Grande do Sul.

Acesse aqui a íntegra da recomendação.

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Fonte MPF