MPF realiza reunião sobre o direito dos indígenas no comércio nas praias de Búzios (RJ) — Procuradoria da República no Rio de Janeiro

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Indígenas

3 de Dezembro de 2025 às 18h25

MPF realiza reunião sobre o direito dos indígenas no comércio nas praias de Búzios (RJ)

Após reunião, foram solicitadas informações ao município sobre critérios adotados para cancelamento de licenças na Praia de João Fernandes

A imagem anexa mostra uma reunião ou apresentação em ambiente interno com aproximadamente 15 a 20 pessoas. O foco da sala parece estar em uma tela de televisão/monitor à esquerda, que exibe uma imagem em close-up de um objeto com textura de cestaria ou tecido. À frente da tela, um homem de blazer e óculos está sentado a uma mesa, conversando com uma mulher que está de pé ou sentada na mesma mesa. A maioria dos participantes está sentada em cadeiras dispostas em filas, e alguns deles, em primeiro plano à direita, usam adornos de cabeça indígenas com penas coloridas, indicando a participação de membros de povos originários no evento. O ambiente é bem iluminado, tem um aspecto moderno e, ao fundo, há uma parede de vidro que permite ver uma área externa ou um diorama com figuras que parecem representar pessoas.


MPF se reúne com indígenas e representantes da prefeitura de Armação dos Búzios (RJ), na sede da Secretaria Municipal de Turismo, em 27/11/2025. Foto: Comunicação/MPF.

O Ministério Público Federal (MPF) recebeu representação para apurar possível prática discriminatória da Prefeitura de Armação dos Búzios (RJ) contra uma cidadã que se autodeclara indígena da etnia Pataxó e atua como comerciante em praias do município. Foi então realizada uma reunião com todos os indígenas interessados e com representantes da prefeitura, em 27 de novembro, na sede da Secretaria Municipal de Turismo. Foram tratados diversos aspectos para o respeito aos direitos indígenas e o MPF encaminhou ofício ao prefeito solicitando informações sobre o cancelamento das licenças da indígena e de outra pessoa que atuava junto com ela no mesmo espaço, na praia de Praia de João Fernandes.

A reunião foi promovida pelo MPF para discutir questões coletivas dos indígenas no município e verificar eventual falta de isonomia no procedimento de cancelamento das licenças, que atingiu apenas duas pessoas, entre elas a indígena que denunciou o caso. No ofício, o MPF solicitou informações à prefeitura sobre os critérios utilizados para cumprir a decisão da Justiça Federal que determinou a liberação de 50% da faixa de areia na Praia de João Fernandes.

O procurador da República Leandro Mitidieri, que atua no caso, ressaltou que ficou consignado na reunião que a proibição de colocar mesas e cadeiras deve começar pelos maiores estabelecimentos comerciais — como quiosques e restaurantes, inclusive aqueles réus em ações de demolição por construção irregular — e não pelos pequenos trabalhadores. Para os barraqueiros, o critério correto é o da antiguidade, iniciando pelos comerciantes mais recentes.

O MPF também solicitou no ofício a lista completa de antiguidade de todos os barraqueiros e prestadores de serviços que atuam na faixa de areia, incluindo grupos como aluguel de equipamentos de recreação. Foi fixado o prazo de cinco dias para resposta, em razão da situação da representante indígena, que está impossibilitada de trabalhar.

Vulnerabilidade – A apuração do MPF teve início após a representação apresentada pela indígena, reconhecida por sua comunidade e lideranças da Terra Indígena Pataxó Aldeia Velha. Residente e trabalhadora em Búzios desde 2009, ela relatou que sofre perseguição e discriminação por parte de representantes da administração pública desde que passou a atuar nas praias da cidade.

A situação relatada é agravada pelo impacto direto sobre sua subsistência. De acordo com a representação, a decisão municipal de indeferir a renovação da licença é “arbitrária e desproporcional”, afetando sua única fonte de renda. A autora da representação destaca que é “mulher indígena, mãe de três filhas menores e atualmente gestante”, o que a coloca em “estado de extrema vulnerabilidade social e alimentar”.

Transparência – Com a cobrança dos critérios de fiscalização e a solicitação da lista de antiguidade, o MPF busca assegurar que a Prefeitura de Búzios aplique as regras de forma igualitária, sem que medidas administrativas recaiam de maneira seletiva sobre grupos vulneráveis.

O MPF aguarda agora as informações requisitadas para dar prosseguimento à análise do caso e verificar eventuais irregularidades no tratamento dado à trabalhadora indígena e aos demais comerciantes da Praia de João Fernandes.

 

Procedimento nº 1.30.001.006485/2025-15

 

Assessoria de Comunicação Social
Procuradoria da República no Rio de Janeiro
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Fonte MPF