MPF realiza primeira edição do projeto Vozes da Mundaú com escutas produtivas e diálogo próximo às comunidades atingidas pela Braskem — Procuradoria da República em Alagoas

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Direitos do Cidadão e Meio Ambiente

28 de Outubro de 2025 às 12h50

MPF realiza primeira edição do projeto Vozes da Mundaú com escutas produtivas e diálogo próximo às comunidades atingidas pela Braskem

Iniciativa reforça transparência, acolhimento e acompanhamento das demandas relacionadas ao caso

fotografia de um dos atendimentos


Foto adaptada: Comunicação MPF/AL

O Ministério Público Federal em Alagoas promoveu, na tarde desta segunda-feira, 27 de outubro, a primeira edição do projeto Vozes da Mundaú. A iniciativa, criada para fortalecer o diálogo que sempre existiu com a população diretamente ou indiretamente afetada pelo desastre causado pela exploração de sal-gema pela Braskem em Maceió, proporcionou um momento concentrado em escutas qualificadas, acolhimento e encaminhamentos.

Atendidos pelas procuradoras da República Julia Cadete, Juliana Câmara e Roberta Bomfim, durante toda a tarde, lideranças comunitárias e moradores puderam apresentar suas demandas e percepções sobre os efeitos sociais, econômicos e culturais do desastre, em um ambiente de respeito, transparência e construção coletiva de soluções.

Vozes da MundaúA procuradora da República Juliana Câmara destacou que o canal busca reforçar o compromisso institucional de proximidade com os atingidos: “Para o MPF, ouvir a população sempre foi fundamental. O Vozes da Mundaú foi estruturado para assegurar que as demandas sejam atendidas de modo concentrado, com atenção das procuradoras que atuam no caso e que todos se sintam parte do processo de reparação”.

A primeira participante foi Rafaelly Machado, coordenadora nacional do Movimento Nacional da População de Rua em Alagoas (MNPR-AL), acompanhada de Luciano Moraes, secretário do grupo, e Andrezza Lima. Ela apresentou reflexões e propostas relacionadas às pessoas em situação de rua considerando que muitas delas viviam e circulavam pelos bairros atingidos pela mineração. O grupo propôs o reconhecimento dessa população como vítima do desastre e apresentou projetos que buscam a promoção de direitos.

Vozes da MundaúAtendendo ao pedido formalizado na reunião, o material será encaminhado ao Comitê Gestor de Danos Extrapatrimoniais (CGDE) e ao Escritório de Projetos das Nações Unidas (Unops) para conhecimento e análise. As procuradoras também ressaltaram a existência de iniciativas ligadas ao empreendedorismo e geração de renda no Programa de Ações Sociais (PAS), que podem ser aproveitados pela população de rua. Ambas as iniciativas – CGDE e PAS – são resultado do acordo socioambiental firmado em 2020.

Na sequência, Paulo Rodrigo, presidente da Associação de Moradores Família Quebrada, acompanhado de moradores da comunidade, tratou de duas pautas. A primeira foi a situação do antigo campinho do Flexal, importante espaço de lazer da juventude local. O MPF comprometeu-se a avaliar juridicamente em conjunto com MP/AL e DPU o pleito e buscar diálogo para melhoria da comunicação com a comunidade sobre a compensação coletiva já em curso, com a construção do novo espaço de lazer no âmbito do Projeto Flexal.

Vozes da MundaúA procuradora da República Roberta Bomfim destacou o compromisso do MPF com a análise dos pleitos, reforçando que é a viabilidade jurídica dos pedidos que norteia a decisão das procuradoras sobre adoção ou não de medidas judiciais, como a melhor estratégia jurídica. “Absolutamente nada impede que as pessoas que se sentem vítimas de danos morais ou materiais busquem o judiciário, mas precisamos pensar na reparação coletiva, que é o motor da atuação do Ministério Público”.

A segunda pauta da associação envolveu o anúncio do Município sobre a criação de um empreendimento habitacional à margem da lagoa, no Flexal. Referindo-se à realocação de parte das famílias da encosta para viabilizar as obras de contenção que devem ser realizadas pelo Município, os representantes reforçaram a preocupação com a preservação dos vínculos sociais. 

Vozes da MundaúA procuradora da República Julia Cadete explicou os limites de atuação institucional uma vez que se trata de um residencial previsto pelo programa habitacional federal: “Existem regras federais para execução do Minha Casa Minha Vida que precisam ser respeitadas. Continuaremos atentos para que direitos sejam garantidos, sobretudo nos aspectos de proteção social e reparação aos atingidos”.

Por fim, Ednete Alves Paz trouxe questões relacionadas à proteção do patrimônio cultural e da memória de uma antiga casa, na região do Flexal, que ela e sua família chamam de Casarão da Família Brandão. A moradora relatou experiências vividas na residência e quis informações sobre seu futuro. Foi esclarecido que os imóveis com valor histórico, como é o caso da mencionada residência, estão sendo preservados e que no Flexal ela está incluída no projeto da área de lazer, o que permitirá que seja preservada e continue podendo ser contemplada. 

Vozes da MundaúDona Ednete também relatou experiências positivas com o Programa Nosso Chão, Nossa História, conduzido pelo CGDE em parceria com o Unops, gerindo os recursos destinados à reparação extrapatrimonial coletiva. 

As informações apresentadas foram registradas em ata, garantindo acompanhamento e encaminhamento das demandas pelos membros do MPF.

O Projeto – Lançado em outubro, o Vozes da Mundaú estrutura um canal permanente de atendimento, escuta e diálogo com as comunidades atingidas. O atendimento a essas comunidades sempre aconteceu, no âmbito do caso Braskem e de todas as demais atribuições do MPF, o diferencial está na concentração dessas reuniões num único dia, conferindo dinâmica e agilidade nesses atendimentos.

Considerado um desastre em curso, o Caso Braskem continua gerando novas vulnerabilidades e exigindo respostas rápidas, empáticas e articuladas entre os diferentes órgãos públicos. 

Cada edição pode receber até quatro grupos, com presença de até cinco pessoas por atendimento, mediante agendamento prévio. As conversas buscam subsidiar providências judiciais e extrajudiciais voltadas à reparação integral.

O projeto também fortalece o controle social e a memória coletiva do desastre, reafirmando o compromisso do MPF com a proteção dos direitos fundamentais.

Próxima Edição – A próxima edição do Vozes da Mundaú será realizada no dia 24 de novembro, nos horários das 14h, 15h, 16h e 17h, na sede do MPF/AL, em Maceió.

Interessados devem preencher o formulário disponível no link, indicar o horário de preferência, entre as quatro opções, o tema de interesse, além da identificação (nome e CPF) dos eventuais acompanhantes. A reunião terá duração máxima de 50 minutos.

Veja imagens

MPF em Alagoas lança projeto Vozes da Mundaú para escuta dos atingidos pelo desastre da Braskem em Maceió

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Fonte MPF