MPF quer garantir a participação de professores indígenas em curso universitário em Rondônia — Procuradoria da República em Rondônia

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Indígenas

5 de Junho de 2024 às 10h27

MPF quer garantir a participação de professores indígenas em curso universitário em Rondônia

Por terem contrato temporário, docentes relatam receio de se ausentarem dos trabalhos nas comunidades para participarem do curso

Arte retangular com parede de bambus ao fundo. No centro a palavra Indígena escrita em letras e grafismos amarelos


Arte: Comunicação/MPF

O Ministério Público Federal (MPF) recomendou à Secretaria de Educação de Rondônia (Seduc) que assegure a participação integral de professores indígenas, matriculados em 2024, no Curso Intercultural da Universidade Federal de Rondônia (Unir). O curso intercala o trabalho nas escolas indígenas com aulas presenciais da universidade, ministradas no campus de Ji-Paraná (RO). Por terem contrato temporário, os professores relatam receio de serem demitidos – o que afasta os docentes da formação continuada, prejudicando a qualidade do ensino indígena na região.

Apesar de legislações federal e estadual determinarem a oferta de cursos para capacitação continuada aos profissionais, de forma simultânea aos trabalhos realizados nas escolas indígenas, a Seduc não possui curso próprio destinado à formação, em nível superior, de professores da educação indígena. A Unir é a única instituição a oferecer, no estado, o ensino superior por meio do Curso de Licenciatura em Educação Básica Intercultural, para formação de professores indígenas. O curso, reconhecido pelo Ministério da Educação desde 2016, possui processo seletivo próprio e calendário específico para realização das atividades acadêmicas. A formação é ministrada em regime de alternância entre o tempo na universidade e na comunidade, ambos com dedicação integral.

Na recomendação, o MPF defende que o curso foi criado justamente para atender a demanda quanto à formação e especialização dos profissionais que atuam na educação básica indígena. Para o órgão, isso implica na necessidade de se garantir uma educação de qualidade aos indígenas, tanto em relação à formação dos professores quanto ao cumprimento do calendário escolar. “O direito à Educação Escolar Indígena realmente diferenciada, específica, intercultural e bilíngue só pode se efetivar com a formação inicial e continuada, especialmente planejada para o trato com as pedagogias indígenas, dos professores indígenas que estão em sala de aula nas comunidades indígenas”, afirma o procurador da República Leonardo Trevizani, ao assinar o documento.

A recomendação faz parte de procedimento em tramitação no MPF que visa a solucionar os problemas relacionados à participação dos professores indígenas no curso universitário e a reposição das aulas não ministradas nas comunidades. Ao promover o diálogo entre a Seduc, a Unir e movimentos indígenas, a medida busca uma solução consensual e compatível para todos.

Recomendação nº 4/2024

Assessoria de Comunicação 
Ministério Público Federal em Rondônia
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Fonte MPF