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21 de Dezembro de 2024 às 12h5
MPF propôs série de enunciados aprovados na 1ª Jornada de Justiça Climática do TRF1
Enunciados que tiveram o MPF como proponente ou coproponente destacam a proteção aos direitos de povos e comunidades tradicionais
Imagem: Ascom JF
Dos 38 enunciados aprovados na 1ª Jornada de Justiça Climática e Transformação Ecológica, realizada pelo Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1) na semana passada, em Belém (PA), 12 foram elaborados com a participação direta de membros do Ministério Público Federal (MPF).
Esses enunciados, que foram compilados em edital assinado e divulgado nesta quinta-feira (19), servirão como diretrizes para a atuação de juízes e juízas federais em atuação em unidades da Justiça Federal em toda a jurisdição do TRF1 (Acre, Amazonas, Amapá, Bahia, Distrito Federal, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Piauí, Rondônia, Roraima e Tocantins) e no próprio TRF1, em processos que tratem de assuntos ambientais.
Os enunciados que tiveram o MPF como proponente ou coproponente se referem à proteção dos direitos de povos e comunidades tradicionais em relação aos seus territórios e conhecimentos tradicionais e à importância do compartilhamento de dados para a proteção ambiental.
O MPF foi representado no evento pelo procurador-chefe da instituição no Pará, Felipe de Moura Palha, e pelos procuradores da República Rafael Martins da Silva, Hugo Elias Silva Charchar e Anne Caroline Aguiar Andrade Neitzke.
Íntegra dos enunciados – Confira os enunciados aprovados que tiveram o MPF como um dos proponentes:
- Enunciado 3: Recomenda-se que o Poder Público promova o uso compartilhado dos dados das Guias de Trânsito Animal (GTAs), independentemente de reserva de jurisdição, observados os requisitos, garantias e procedimentos estabelecidos no art. 26 da Lei n. 13.709/2018 (Lei Geral de Proteção de Dados – LGPD).
- Enunciado 5: Não se aplica a caducidade aos decretos expropriatórios de desapropriação por interesse social ou utilidade pública destinados à regularização de comunidades quilombolas.
- Enunciado 7: Nas ações possessórias e petitórias que envolvam interesses territoriais de povos e comunidades tradicionais, assim autodeclaradas, caberá ao juízo analisar a posse tradicional para além da perspectiva puramente civilista.
- Enunciado 8: É admissível a usucapião coletiva em favor de povos e comunidades tradicionais, com registro em matrícula única para a efetivação do direito reconhecido.
- Enunciado 9: Aos povos e comunidades tradicionais devem ser asseguradas as ações possessórias típicas para a defesa de seus territórios, com observância da ancestralidade que caracteriza sua relação com a terra.
- Enunciado 11: Nos litígios socioambientais e climáticos envolvendo territórios de povos e comunidades tradicionais, o Poder Judiciário deve considerar, em seus julgamentos, os conhecimentos e as práticas ancestrais desses grupos.
- Enunciado 12: É obrigatória a intimação do Ministério Público nas ações possessórias e petitórias que envolvam interesses de povos e comunidades tradicionais, ainda que referentes a territórios não demarcados, respeitada a identidade desses grupos, reconhecida por meio de autodeclaração.
- Enunciado 13: Nas ações judiciais socioambientais e climáticas envolvendo povos e comunidades tradicionais, deve ser assegurado o direito à consulta prévia, livre, informada, de boa-fé e culturalmente adequada, nos termos da Convenção n. 169 da OIT.
- Enunciado 15: Os litígios socioambientais que envolvam povos e comunidades tradicionais deverão ser, prioritariamente, submetidos a métodos adequados de solução de conflitos, com a observância de procedimentos culturalmente adequados.
- Enunciado 16: Os direitos de povos e comunidades tradicionais devem ser assegurados pelo Poder Judiciário, independentemente da conclusão do processo de demarcação de seus territórios.
- Enunciado 17: Magistradas e magistrados devem julgar os processos que envolvam povos e comunidades tradicionais com perspectiva intercultural.
- Enunciado 38: Nas ações que envolvam conflitos fundiários coletivos, o juízo determinará às partes a comprovação da origem da matrícula imobiliária e do destaque do patrimônio público para o privado, além de providenciar análise local da situação do conflito, com observância preliminar da função social da propriedade e dos impactos ambientais.
Sobre a jornada – O evento foi promovido pela Justiça Federal do Pará (JFPA) em parceria com a Escola de Magistratura Federal da 1ª Região (Esmaf/TRF1) e a Universidade Federal do Pará (UFPA).
Painéis sobre justiça climática e ambiental aprofundaram as discussões sobre temas como a importância da ciência para a tomada de decisões e a necessidade de uma abordagem mais justa e equitativa na luta contra as mudanças climáticas.
A jornada antecipou debates que estarão em pauta na 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), que será realizada em Belém em 2025, e contou com a participação de autoridades como o presidente do TRF1, desembargador federal João Batista Moreira; da vice-presidente do TRF1, desembargadora federal Gilda Sigmaringa Seixas; do presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), ministro Herman Benjamin; das desembargadoras federais Maria do Carmo Cardoso, Daniele Maranhão e Rosana Noya Kaufmann e dos desembargadores federais Newton Ramos e Roberto Veloso.
Confira a íntegra dos enunciados.
Com informações do TRF1
Ministério Público Federal no Pará
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Fonte MPF