MPF pede regularização imediata do fornecimento de energia em comunidade guarani no oeste paulista — Procuradoria da República em São Paulo

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Indígenas

11 de Setembro de 2024 às 15h3

MPF pede regularização imediata do fornecimento de energia em comunidade guarani no oeste paulista

Concessionária Elektro deve promover conexões individuais na aldeia Karugwá; indígenas compartilham postes e vivem sob risco de incêndios

foto mostra um campo com céu azul um pouco nublado e um poste de energia elétrica


Imagem ilustrativa: wirestock/Freepik

O Ministério Público Federal (MPF) ajuizou uma ação civil pública para garantir o fornecimento regular de eletricidade à aldeia Karugwá, em Barão de Antonina (SP). Embora os indígenas já tenham acesso à rede de energia, muitas habitações ainda compartilham postes, o que acarreta graves riscos à comunidade. Há alguns meses, um incêndio foi registrado no local devido a um curto-circuito. 

A Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e a concessionária Elektro são rés na ação. A Funai e a Aneel deixaram de exercer seu dever de fiscalizar e cobrar providências para a resolução do problema. Já a Elektro vem descumprindo a obrigação contratual de disponibilizar energia de maneira individualizada a todos os estabelecimentos e residências na área de abrangência da empresa, o que inclui a aldeia Karugwá. 

O MPF pede que a concessionária realize imediatamente as conexões individuais da aldeia à rede elétrica, sem a cobrança de taxas para isso. Além da ligação dos medidores, a ação requer que a Elektro seja obrigada a vistoriar a capacidade das linhas que levam eletricidade à comunidade e promover o redimensionamento das instalações caso se constate a insuficiência para o atendimento. Ainda em caráter imediato, o MPF pleiteia que a Justiça Federal imponha à empresa o dever de realizar um mutirão presencial para o cadastro dos moradores. 

Ao fim da tramitação do processo, a Elektro, a Funai e a Aneel devem ser condenadas a indenizar os danos morais coletivos que a pendência na oferta regular de energia vem causando aos indígenas. O valor, não inferior a R$ 1 milhão, deve ser aplicado em projetos e programas sociais e ambientais que se revertam em benefícios à própria comunidade. 

Situada na divisa dos estados de São Paulo e Paraná, a aldeia Karugwá reúne cerca de 120 indígenas guaranis. O MPF ressalta que o descaso com a comunidade demonstra a discriminação à qual os povos originários estão sujeitos também por meio da degradação do ambiente onde vivem. 

“Na medida em que os demais bairros do mesmo município usufruem plenamente de toda a infraestrutura de energia elétrica, não é exagerado afirmar que há uma séria afronta ao princípio da isonomia e que a situação configura nítido exemplo de racismo ambiental”, frisou o procurador da República André Libonati, autor da ação civil pública.

O número processual da ação é 5000573-04.2024.4.03.6139. A tramitação pode ser consultada em https://pje1g.trf3.jus.br/pje/ConsultaPublica/listView.seam.

 

Íntegra da ação civil pública

Ministério Público Federal (MPF)
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Fonte MPF