MPF pede coleta de lixo imediata em quilombo no Vale do Ribeira (SP) — Procuradoria da República em São Paulo

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Comunidades Tradicionais

8 de Julho de 2025 às 18h0

MPF pede coleta de lixo imediata em quilombo no Vale do Ribeira (SP)

Comunidade Porto Velho, situada entre Itaóca e Iporanga, está sujeita a diversas doenças devido ao acúmulo de resíduos

Foto mostra dois homens vestidos com uniformes de cor alaranjada retirando sacos de lixo de lixeira de ferro. Ao fundo, desfocado, há um caminhão de lixo


Foto ilustrativa: Canva

O Ministério Público Federal (MPF) entrou com uma ação civil pública para garantir o serviço de coleta de lixo doméstico no Quilombo Porto Velho, localizado entre os municípios de Itaóca e Iporanga (SP). A ausência de coleta regular e de lixeiras coletivas mantém os cerca de 120 moradores da comunidade sujeitos aos riscos derivados da proliferação de pragas e da contaminação ambiental. As prefeituras dos dois municípios, o Governo Federal e o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) são réus na ação. 

Segundo a apuração do MPF, a Prefeitura de Itaóca nunca realizou a coleta de lixo no quilombo, enquanto a administração municipal de Iporanga presta o serviço apenas de forma esporádica e com aviso prévio. Convivendo com os resíduos acumulados, os quilombolas estão permanentemente expostos a doenças como leptospirose, febre tifoide, cólera, dengue e malária. Para tentar conter o problema, eles se veem obrigados a levar parte do lixo até o aterro municipal de Iporanga, às margens do Rio Ribeira.

A ação pede que a Justiça Federal obrigue as prefeituras de Itaóca e Iporanga a iniciarem a coleta de lixo no Quilombo Porto Velho em até sete dias, com frequência mínima semanal. Além disso, o MPF requer que, em 60 dias, os municípios apresentem um plano detalhado para regularizar o serviço, incluindo a instalação de lixeiras coletivas em locais estratégicos e adequados, após debate com a comunidade e o Incra.

Indenização – Ao final do processo, além da implementação definitiva da coleta regular e da disponibilização das lixeiras, o MPF pede a condenação do Governo Federal, do Incra e dos municípios de Itaóca e Iporanga ao pagamento de R$ 500 mil como indenização por danos morais coletivos decorrentes das precariedades que os quilombolas enfrentam. O valor deverá ser revertido integralmente em programas ambientais e sociais que beneficiem diretamente os moradores, focando na proteção e na melhoria da sua qualidade de vida.

As condições atuais do Quilombo Porto Velho refletem a forma desproporcional como a omissão do poder público afeta as comunidades tradicionais no Brasil. Segundo dados do Censo 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mais de 90% dos quilombolas no país convivem com precariedades no saneamento básico, como a coleta de lixo, contra 27% da população geral.

“Não existe espaço para políticas públicas de cerceamento dos direitos mais básicos à vida humana, especialmente quando se trata de populações historicamente marginalizadas e que atualmente são dotadas de especial proteção do ordenamento jurídico brasileiro”, enfatizou o procurador da República André Libonati, autor da ação do MPF.

Ação Civil Pública nº 5000282-67.2025.4.03.6139

Consulta processual

Ministério Público Federal (MPF)
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Fonte MPF