MPF move ação para que quilombolas em Itaóca (SP) tenham acesso ao fornecimento regular de energia elétrica — Procuradoria da República em São Paulo

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Comunidades Tradicionais

30 de Abril de 2025 às 17h8

MPF move ação para que quilombolas em Itaóca (SP) tenham acesso ao fornecimento regular de energia elétrica

Apagões frequentes e deficiência na iluminação pública são algumas das dificuldades que moradores do Quilombo Cangume enfrentam

Foto do Quilombo Cangume mostra mulher negra com vestido branco, com um pilão na mão, em frente a uma casa de pau a pique, com chão de terra batida. Vê-se ainda um menino de bermuda e sem camisa atrás da mulher.


Foto: Luis Eduardo Tavares/Flickr

O Ministério Público Federal (MPF) entrou com uma ação civil pública para que os moradores do Quilombo Cangume, em Itaóca (SP), tenham acesso ao fornecimento regular de energia elétrica. A ação envolve a concessionária Elektro, a prefeitura de Itaóca, a União, o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Embora a rede de energia alcance o quilombo, os integrantes sofrem com frequentes apagões e enfrentam uma série de dificuldades e riscos decorrentes da precariedade das instalações e da insuficiência da iluminação pública. 

Para que o serviço seja estabelecido de forma adequada, o MPF pede que a Justiça obrigue, de forma imediata, a Elektro a revisar a rede de energia e efetuar a manutenção das linhas que atendem às residências. As medidas devem incluir a instalação de mais postes, a realização de podas em árvores e outras providências eventualmente necessárias. O MPF quer também que a Justiça imponha à empresa e à prefeitura de Itaóca o dever imediato de providenciar a rede de iluminação pública no interior do quilombo, hoje parcialmente às escuras.

Cobranças distorcidas – O MPF requer ainda que a Elektro seja proibida de manter a cobrança de tarifas mensais dos quilombolas com base em cálculos pela média de consumo acumulado trimestralmente. O método em uso tem gerado distorções e encarecido as contas. Segundo os pedidos do Ministério Público, a concessionária deve ser obrigada a adotar o cálculo convencional, com aferições mensais nos medidores residenciais para a definição dos valores.

Ao final do processo, o MPF quer a condenação de todos os réus à obrigação de estabelecer o fornecimento de iluminação pública ao Quilombo Cangume, com a instalação de todas as lâmpadas necessárias e a realização de manutenções periódicas. A ação pede, por fim, a imposição do pagamento de R$ 500 mil pelos danos morais coletivos causados aos quilombolas. O valor deverá se reverter em iniciativas sociais e ambientais que beneficiem os próprios moradores.

De acordo com o MPF, a omissão dos réus e as consequentes dificuldades que o Quilombo Cangume enfrenta exemplificam como a discriminação das comunidades tradicionais também se manifesta por meio da degradação do ambiente onde vivem. “Na medida em que os demais bairros do mesmo município usufruem plenamente de toda a infraestrutura de energia elétrica, não é exagerado afirmar que há uma séria afronta ao princípio da isonomia e que a situação configura nítido exemplo de racismo ambiental”, destacou o procurador da República André Libonati, autor da ação.

Ação Civil Pública nº 5000202-06.2025.4.03.6139

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Fonte MPF