MPF move ação para que quilombolas de Itararé (SP) tenham transporte público e acesso a vias em boas condições — Procuradoria da República em São Paulo

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Comunidades Tradicionais

17 de Julho de 2025 às 13h53

MPF move ação para que quilombolas de Itararé (SP) tenham transporte público e acesso a vias em boas condições

Ação civil pública pede providências da prefeitura, do Governo Federal e do Incra contra o isolamento da comunidade Fazenda Silvério

Foto mostra pequena ponte precária, feita com toras finas de madeira, em área rural. Em um das extremidades da ponte, há um trator com ripas de madeira


Foto: Prefeitura de Itararé

O Ministério Público Federal (MPF) entrou com uma ação civil pública com o objetivo de garantir transporte público e melhorias da infraestrutura viária para o Quilombo Fazenda Silvério, em Itararé (SP). A falta de linhas de ônibus e de estradas em boas condições de tráfego mantém a comunidade em situação de exclusão social, impedindo que os cerca de 90 moradores tenham acesso a serviços essenciais, como saúde e educação. Os réus são a União, o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e a prefeitura do município paulista.

O MPF constatou que, sem transporte público, os quilombolas dependem exclusivamente de veículos próprios para percorrer os 28 quilômetros que separam a comunidade do centro de Itararé, 8 deles por estradas de terra. Vias em péssimo estado, pontes de madeira e outros fatores de risco inviabilizam o deslocamento dos moradores, especialmente em dias chuvosos.

Na ação apresentada à Justiça Federal, o MPF aponta que os problemas decorrem diretamente da omissão dos réus. O Incra, que tem a atribuição de defender direitos e interesses de comunidades quilombolas, não tomou nenhuma atitude até o momento para viabilizar soluções que atendam o Quilombo Fazenda Silvério. A Prefeitura de Itararé, por sua vez, deixou de cumprir seu dever de fornecer transporte público aos moradores e sequer prestou esclarecimentos ao Ministério Público quando questionada sobre a precariedade das vias rurais.

“Não existe qualquer justificativa minimamente republicana que legitime o Poder Público a fazer diferenciação, já que as aldeias indígenas e os quilombos são unidades territoriais análogas aos bairros e distritos dos municípios, devendo receber toda a infraestrutura garantida aos demais munícipes”, alertou o procurador da República André Libonati, autor da ação do MPF.

Transporte regular e estradas seguras – A ação pede que a Justiça Federal obrigue imediatamente os réus a apresentarem, em 60 dias, um plano de regularização do transporte coletivo para o quilombo, detalhando as demandas da comunidade e os recursos necessários. O MPF quer também que o Governo Federal e a Prefeitura de Itararé realizem, no mesmo prazo, obras emergenciais nas vias rurais e em pontes de acesso, garantindo a segurança e a trafegabilidade com nivelamento e sinalização.

Ao final da tramitação processual, a ação pede a imposição de medidas de longo prazo, como a pavimentação das estradas rurais e a construção de pontes de concreto armado, ligando o quilombo ao centro de Itararé com segurança. O MPF quer ainda que o município implemente as linhas de ônibus que liguem o quilombo ao centro da cidade. O Governo Federal deverá oferecer assistência financeira ao município para o custeio das providências.

A ação requer também a condenação dos réus ao pagamento de R$ 500 mil por danos morais coletivos derivados das carências e do isolamento que o quilombo vem suportando. O valor deverá ser aplicado em programas sociais e ambientais que favoreçam a própria comunidade.

Ação Civil Pública nº 5000288-74.2025.4.03.6139

Consulta pública

Ministério Público Federal (MPF)
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Fonte MPF