Patrimônio Cultural
11 de Novembro de 2024 às 17h13
MPF move ação para proteção do sítio arqueológico Bateria Militar de Irajá, no Rio de Janeiro
São necessárias ações imediatas do Iphan e do Município o para proteger o local e promover educação sobre o patrimônio histórico e cultural
Imagem aérea do sítio arqueológico Bateria Militar Irajá, no Rio de Janeiro, extraída dos autos
O Ministério Público Federal (MPF) ingressou com ação civil pública, com pedido de liminar, contra o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e o Município do Rio de Janeiro, visando à preservação do sítio arqueológico Bateria Militar de Irajá, reconhecido como patrimônio histórico e cultural. A ação busca assegurar medidas urgentes para a preservação deste importante local, que remonta ao século XVIII, quando fortificações foram construídas para proteger a cidade de invasões.
A ação requer medidas imediatas, como o isolamento do local, a proibição de intervenções não autorizadas e a realização de prospecções arqueológicas. Também é fundamental promover a educação patrimonial para conscientizar a comunidade sobre a importância do sítio.
Entre as ações requeridas na ação, estão: isolamento do local com cercas, instalação de placas informativas, e diálogo com lideranças comunitárias para limitar o uso público do local, que atrai fiéis para cultos e vigílias religiosas. A prospecção arqueológica deve ser feita por uma empresa especializada, com inventário do material coletado e análise do solo. É necessária ainda a recomposição da vegetação original do Monte de Irajá para estabilizar a encosta, além de cursos de educação patrimonial para visitantes.
Na ação, o MPF destaca a omissão do Iphan em proteger o sítio, que, apesar de ter sido identificado há dez anos, não recebeu as medidas adequadas, resultando em danos irreversíveis. O procurador da República Antonio do Passo Cabral, autor da ação, enfatiza a necessidade urgente de proteger este importante patrimônio, que é vital para a compreensão da história brasileira e da cidade do Rio de Janeiro. “A preservação do Bateria Militar de Irajá é uma responsabilidade coletiva que demanda a colaboração da sociedade civil e das autoridades públicas”, assevera.
Essas ações necessárias para a preservação e reparação do sítio devem ser coordenadas entre a Prefeitura do Rio de Janeiro e o Iphan e são fundamentais para garantir a valorização do Bateria Militar de Irajá, assegurando que sua relevância histórica e cultural não seja comprometida.
Inquérito – O MPF instaurou inquérito civil público, em 2016, a partir de representação que noticiava ter sido identificado um sítio arqueológico em Irajá. O sítio arqueológico foi reconhecido pelo Iphan e registrado no Cadastro Nacional dos Sítios Arqueológicos do órgão (CNSA).
Desde então, o MPF tem atuado administrativamente junto ao Iphan e à Prefeitura do Rio de Janeiro para que adotem providências para preservar o sítio arqueológico. Entretanto, apesar de reconhecerem a importância do local, nada foi feito de efetivo para a sua preservação, resultando em danos causados ao patrimônio nacional em decorrência da omissão dos réus, o que motivou a ação na Justiça.
Ameaças – Apesar de sua relevância histórica, o sítio tem enfrentado sérias ameaças nos últimos tempos. Constatou-se que o uso da área para cultos religiosos, que tem escalado para intervenções e construções que danificaram as estruturas arqueológicas. Cerca de 12 clareiras foram abertas no local, algumas cimentadas. Além disso, o local foi coberto com alinhamento de alvenaria e construções de bancos, além de plataformas de cimento imitando altares bíblicos. Há vestígios de fuligem de fogueiras e velas (utilizadas em cultos noturnos).
Para o MPF, embora o Iphan tenha reconhecido e registrado o local como sítio arqueológico e o tenha vistoriado em 2021, nenhuma medida de proteção efetiva foi implementada. “A proteção do patrimônio é essencial para garantir que a história do Brasil continue a ser contada, e que os vestígios de nossa cultura e identidade sejam protegidos para as futuras gerações”, narra a ação civil pública.
De acordo com o procurador, a falta de preservação do sítio arqueológico em Irajá é um reflexo de um problema maior: a necessidade de uma gestão mais eficaz do patrimônio cultural brasileiro. “A judicialização do caso destaca a urgência de medidas que garantam a proteção do patrimônio nacional. Proteger a Bateria Militar de Irajá é, acima de tudo, preservar a história e a identidade de um povo”, concluiu.
Ação Civil Pública nº 5078004-54.2024.4.02.5101/14ª Vara Federal do Rio de Janeiro
Inquérito Civil Público nº 1.30.001.005146/2016-12
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Fonte MPF