Direitos do Cidadão
27 de Junho de 2025 às 17h47
MPF encerra Semana do Migrante e Refugiado, em Santa Catarina, com evento sobre deslocamentos ambientais
O seminário, realizado no Dia do Imigrante, contou com palestras, café cultural e exposição fotográfica na sede do MPF em Florianópolis
Foto: Ascom – PR/SC
O Ministério Público Federal (MPF), em parceria com a Círculos de Hospitalidade, o Centro de Direitos Humanos e Cidadania do Imigrante e a Secretaria de Assistência Social, Mulher e Família, realizou, na quarta-feira (25), o seminário “Deslocamentos Ambientais e Climáticos: Desafios para a Proteção de Direitos”, evento que encerrou a Semana do Imigrante e Refugiado de 2025.
O seminário contou com a participação da procuradora regional da República Daniele Escobar, do diretor do Centro de Direitos Humanos e Cidadania do Imigrante, Paulo Illes, da diretora da Círculos de Hospitalidade, Bruna Kadletz, e do economista, pesquisador e doutorando da Universidade Federal de Santa Catarina Jean Rosier, que é haitiano e naturalizado brasileiro.
O evento propôs uma reflexão sobre como a degradação ambiental e a crise climática impactam a mobilidade e os direitos das populações, muitas vezes forçadas a deixarem seus países de origem.
A mesa de debates também foi composta pelo procurador regional dos Direitos do Cidadão, Fábio de Oliveira, que abriu o evento, reforçando a importância da atuação do MPF para a população migrante no estado. Em seguida, Bruna Kadletz deu início às falas dos palestrantes, relembrando outros eventos importantes e a parceria da Círculos de Hospitalidade com o MPF, que já existe há oito anos.
Bruna também falou sobre suas experiências em visita à barragem de Belo Monte e durante o desastre de Brumadinho, que a fez refletir sobre a relação da população com a terra e a degradação ambiental, que desencadeia as crises climáticas. “As populações que mais sofrem com os efeitos da emissão de gases são, muitas vezes, as que menos permitem a emissão desses gases e as que menos se beneficiam economicamente com eles”, disse Bruna, que concluiu: “Acredito que tenha uma solução para essa crise, que deve começar com avaliar e transformar a nossa relação com a terra e com os nossos recursos, além da relação que temos um com o outro”.
Paulo Illes falou sobre a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025 (COP 30), que será sediada em Belém, em novembro. “A gente espera que a partir da COP 30, o governo ouça ainda mais as vozes daqueles que são forçados a migrar, que reconheça os deslocamentos ambientais como uma realidade concreta e que possamos caminhar juntos por uma governança migratória comprometida com a dignidade e a solidariedade”. O diretor concluiu sua fala, dizendo: “Não podemos mais tratar essas pessoas como invisíveis. Elas estão na linha de frente da crise climática”.
Atuação do MPF nas enchentes de 2024 – A procuradora regional da República Daniele Escobar deu o seu relato sobre o trabalho do MPF no auxílio às vítimas das enchentes de 2024 no Rio Grande do Sul, quando 95% do estado foi atingido e mais de dois milhões de pessoas perderam suas casas.
Daniele descreveu como foi o trabalho do Comitê Gestor de Reconstrução no auxílio às famílias de servidores, terceirizados e estagiários, afetadas pelas enchentes. “Tivemos colegas que saíram de suas casas de barco e com a roupa do corpo. Eles não tinham água nem luz e foram para a casa de familiares. Outros nem tinham para onde ir e precisaram encontrar um abrigo comunitário”, disse.
Além disso, Daniele reforçou a importância do constante auxílio psicológico para esses casos. “Todas as pessoas receberam auxílio com uma psicóloga, que permanece até hoje. Temos essa preocupação de demonstrar que a pessoa, embora já tenha passado mais de um ano dessa tragédia climática, não está sozinha. Nós continuamos ainda com esse olhar de cuidado”, disse a procuradora.
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Migração e saúde mental – Para finalizar a rodada de falas, o economista e estudante Jean Rosier também falou da importância do tratamento psicológico após esses eventos traumáticos. Segundo ele, além de estarem em outro país totalmente diferente do seu, os imigrantes também podem ter memórias tristes de eventos semelhantes. “Antes, geralmente era mais uma preocupação com o que comer, com coisas básicas, mas agora eu acho que os imigrantes já têm considerado importante a saúde mental também”, afirmou.
Jean destacou que a imigração não é simples. “Não é como passear e conhecer outro país. O povo do Haiti fala com muito orgulho do seu país, de querer contribuir com o desenvolvimento, orgulho da nossa revolução, de ser o primeiro povo negro independente na América, mas que muitas vezes não consegue voltar para lá. Muitas vezes, se você não migra, isso pode significar comprometer seu futuro e comprometer o futuro das próximas gerações”, disse. Ele finalizou o seminário dizendo: “Migrar é um ato de resistência e de sobrevivência. Migrar é atitude de força, de fé, de esperança, de coragem e de opção pela vida”.
Após o seminário, todos foram convidados para a abertura da exposição fotográfica “Retratos de Hospitalidade: Entre Olhares e Memórias”, que celebra os dez anos de atuação da Círculos de Hospitalidade. O evento contou com a participação do músico Amir Al Najar, tocando oud, um dos instrumentos mais tradicionais da música árabe, além de um café cultural.
A exposição “Retratos de Hospitalidade: Entre Olhares e Memórias” estará aberta para visitação no Memorial do MPF em Santa Catarina até 11 de julho. O memorial está localizado na sede do órgão, na Rua Paschoal Apóstolo Pitsica, 4876, Edifício Luiz Elias Daux, Agronômica, Florianópolis.
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Fonte MPF