MPF em MT realiza evento em alusão ao Dia Internacional dos Povos Indígenas — Ministério Público Federal em Mato Grosso

MPF em MT realiza evento em alusão ao Dia Internacional dos Povos Indígenas

Roda de conversa será realizado no dia 28 de agosto e contará com presença do 1º indígena a cursar Arqueologia no Brasil

Em 9 de agosto é celebrado o Dia Internacional dos Povos Indígenas, mas, ao contrário do que muitos pensam, 19 de abril e 9 de agosto não são datas comemorativas para populações indígenas. Pelo menos não no Brasil. Por aqui, não se tratam de dias de festa, mas de datas para relembrar a luta por direitos básicos e pelo reconhecimento das vivências plurais de povos que, há mais de 500 anos, têm sua existência ameaçada.

E é para tratar de temas delicados a estes povos que o Ministério Público Federal (MPF) em Mato Grosso realiza, no dia 28 de agosto, uma roda de conversa intitulada “Valorização da Diversidade Étnica e Cultural”. O evento começará às 15 horas (horário de Brasília) e deve ter duração de uma hora. Os participantes poderão interagir através de perguntas.

A arqueóloga e membro fundadora do Instituto Ecossistemas e Populações Tradicionais (ECOSS), Suzana Hirooka, e Kamarifé Waurá, primeiro indígena a cursar Arqueologia no país, acompanharão o procurador-chefe do MPF em Mato grosso, Ricardo Pael, numa roda de conversa que tratará de diversos assuntos dentro do tema proposto: Valorização da Diversidade Étnica e Cultural

Os interessados deverão acessar a roda de conversa via link do Zoom, que será disponibilizado na semana anterior ao evento.

Participantes

Suzana Hirooka é geóloga graduada pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), pós-graduada em Arqueologia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS) e mestranda em Paleontologia de vertebrados quaternários pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Professora Universitária, é coordenadora Geral do Museu de Pré-história Casa Dom Aquino e presidente do Instituto Ecossistemas e Populações Tradicionais (ECOSS).

Kamarifé Waurá, de 31 anos, nasceu na Aldeia Piyulaga, do povo Waurá, no Xingu, e sempre teve interesse pela história de seus ancestrais. Em 2014, Kamarifé conheceu a Geóloga e Arqueóloga Suzana Hirooka durante uma pesquisa de campo realizada na gruta Kamukawaka, no Parque Indígena do Xingu. Ali, Kamarifé passou a acompanhar Hirooka nas escavações arqueológicas e desenvolveu o desejo de seguir seus estudos nesse campo. Em 2017, Kamarifé fez o vestibular para ingressar no curso de Arqueologia da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC Goiás). É o primeiro indígena brasileiro a fazer o curso.

Ricardo Pael é formado em Direito pela UFMS, foi servidor da Justiça Federal de Mato Grosso do Sul de 2004 a 2013 e é procurador da República desde 2013, com atuação em Ponta Porã (MS). Hoje é procurador-chefe do MPF em Mato Grosso, titular do 1º Ofício de Populações Indígenas e Comunidades Tradicionais de MT e integra o Grupo de Apoio ao Tribunal do Júri da 2ª CCR.

Dia Internacional dos Povos Indígenas

A data foi criada com o objetivo de aumentar a conscientização sobre a importância desses grupos populacionais. Adotada em dezembro de 1994 pela resolução 49/214 da Assembleia Geral da ONU, a data marca o dia da primeira reunião do Grupo de Trabalho da ONU sobre Populações Indígenas da Subcomissão para a Promoção e Proteção dos Direitos Humanos, realizada em Genebra, em 1982.

De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil tem uma população de quase 900 mil indígenas de 305 etnias, que falam 274 línguas. As comunidades dos povos originários estão presentes nas cinco regiões do Brasil, com maior concentração de indivíduos na Região Norte, com quase 306 mil indígenas.

O estado com o maior número de indígenas é o Amazonas, enquanto Mato Grosso tem o maior número de indígenas vivendo em territórios originários no Brasil: 45.065 pessoas indígenas, número que corresponde a 77% da população total dos indígenas do estado.