MPF e parceiros realizam audiência pública para debater violação do direito à educação decorrente da violência no RJ — Procuradoria da República no Rio de Janeiro

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Direitos do Cidadão

8 de Maio de 2025 às 15h50

MPF e parceiros realizam audiência pública para debater violação do direito à educação decorrente da violência no RJ

Debate busca garantir os 200 dias letivos e o direito à educação em escolas afetadas pela violência na região metropolitana

Foto de uma sala de aula sem alunos ou professores, com carteiras vazias. Na parte da frente da sala, em uma plataforma elevada, há um púlpito, uma mesa e duas cadeiras, além de uma tela branca de projeção. Na parede lateral, há um mapa afixado.


Foto ilustrativa: Canva

O Ministério Público Federal (MPF) sediará, na Procuradoria da República no Rio de Janeiro (PR/RJ), no próximo dia 30, às 16h, uma audiência pública em defesa da educação. O evento, que ocorrerá no auditório da PR/RJ, colocará em debate um tema crucial e urgente: a violação do direito à educação em decorrência da violência na região metropolitana do Rio de Janeiro.

A iniciativa, realizada em parceria com o Fórum Estadual de Educação, a organização Redes da Maré, o Núcleo de Educação e Cidadania da Universidade Federal Fluminense (UFF) e o Grupo de Pesquisa em Políticas Públicas de Educação da UFF, busca promover um espaço qualificado para a discussão de soluções e a garantia efetiva do direito fundamental à educação para milhares de estudantes, especialmente aqueles que vivem em comunidades frequentemente impactadas por operações policiais. O objetivo central é encontrar mecanismos para assegurar o cumprimento dos 200 dias letivos previstos na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), que são constante e gravemente comprometidos pela dinâmica da violência.

Impacto das operações na educação – A audiência pública é um desdobramento direto de um inquérito instaurado pelo MPF em agosto do ano passado, que teve como foco avaliar o real impacto das operações policiais sobre o sistema educacional e a eficácia dos mecanismos atualmente existentes para compensar os dias letivos perdidos. Uma das principais preocupações do MPF é a recorrência dessas operações em horário escolar e a ausência de padronização nas medidas de reparação.

Em resposta a um pedido do MPF, o CNE, órgão do Ministério da Educação, já instituiu um fórum dedicado a debater o tema e buscar soluções. A Câmara de Educação Básica do CNE debateu os impactos pedagógicos negativos da violência sobre o calendário escolar em outubro de 2024. Em janeiro de 2025, o CNE promoveu um fórum com entidades da sociedade civil e criou a Comissão para o Acompanhamento Contínuo da Obrigatoriedade dos 200 Dias Letivos, que já iniciou seus trabalhos e definiu uma agenda.

A urgência do debate é reforçada por dados alarmantes. Em um seminário promovido pela Redes da Maré em setembro de 2024, foi apresentado que, entre 2022 e o primeiro semestre de 2023, foram registradas mais de 832 operações policiais em áreas escolares da cidade do Rio de Janeiro, segundo a Secretaria Municipal de Educação. Desse total, 522 ações foram realizadas pela Polícia Militar em horário escolar. Na região metropolitana, o quadro é igualmente preocupante: escolas em Itaguaí não recebem notificação prévia sobre as operações, enquanto em Duque de Caxias, aulas foram suspensas por 136 dias em um único ano letivo, e em Magé, estudantes chegaram a ficar um mês em ensino remoto devido à violência.

Para o procurador regional dos Direitos do Cidadão adjunto Julio Araujo, os entes federativos não podem aceitar resignadamente essa situação, enquanto crianças, jovens e mesmo adultos perdem aulas sem qualquer reposição efetiva.  O procurador defende que, diante das escolas fechadas e dos dias de aula perdidos, é imperativo discutir o direito à educação segura dos estudantes. “Existe uma coletividade afetada pelas operações – uma coletividade determinada e específica – que também demanda segurança. E ela quer exercer seu direito à educação, mas à educação com segurança”, observou. Ele também defende a reparação aos estudantes impactados e a fixação de diretrizes nacionais para o tema.

A audiência pública no MPF representa uma oportunidade estratégica para a sociedade civil, representantes do poder público (federal, estadual e municipal), educadores, pais, alunos e demais interessados se reunirem, apresentarem suas perspectivas, cobrarem ações concretas e contribuírem para a construção de soluções que garantam o pleno exercício do direito à educação em ambientes seguros, livres da interrupção imposta pela violência.

Audiência pública em defesa da educação: violação do direito à educação em decorrência da violência na região metropolitana do Rio de Janeiro
Quando: 30 de maio de 2025, sexta-feira, às 16h
Onde: Auditório da Procuradoria da República no Rio de Janeiro
Endereço: Avenida Nilo Peçanha, 31, Centro, Rio de Janeiro (RJ)

Assessoria de Comunicação Social
Procuradoria da República no Rio de Janeiro
Atendimento à imprensa: (21) 3971-9570 
 

 

Fonte MPF