Meio Ambiente
13 de Junho de 2025 às 19h30
MPF e MPT promovem diálogo plural e democrático para aprimorar normas regulatórias da mineração
Audiência realizada na sede da PGR, em Brasília, reuniu contribuições dos diversos setores envolvidos na atividade
Foto: Antônio Augusto/Comunicação/MPF
Promover um espaço de diálogo aberto entre os diversos segmentos da sociedade envolvidos na atividade minerária, com foco na melhoria das normas que regulam o setor. Esse foi o objetivo do evento Mineração e Regulamentação: em busca da Proteção Socioambiental, realizado pelo Ministério Público Federal (MPF) e pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) nessa quinta-feira (12), na sede da Procuradoria-Geral da República, em Brasília.
O encontro reuniu representantes do poder público, dos órgãos reguladores, das empresas mineradoras, da sociedade civil e da academia. Ao abrir os trabalhos, o subprocurador-geral da República e membro da Câmara de Meio Ambiente e Patrimônio Cultural do MPF (4CCR), Aurélio Rios, relembrou o rompimento da barragem de Brumadinho (MG), em 2019, e fez uma homenagem às vítimas do acidente. “Temos o dever de trabalhar para que tragédias como essa não se repitam”, pontuou.
Integrante do Grupo de Trabalho Barragens da 4CCR, o procurador da República Carlos Bruno Ferreira da Silva, que atua em Minas Gerais, destacou que este é o primeiro de uma série de eventos que terão como foco a regulação do setor minerário. “Esse é um momento muito importante na história do MPF. É o Ministério Público servindo como local para dar voz a todos que se envolvem na mineração, não apenas a uma categoria, tentando democratizar a regulação feita pelas agências reguladoras”, afirmou.
O debate reforçou a importância de mecanismos que garantam a proteção ambiental, social e trabalhista na mineração. Durante mais de seis horas, foram apresentadas e discutidas contribuições para a simplificação, a atualização e o aperfeiçoamento de Normas Reguladoras da Mineração (NRM). Houve um foco específico nas propostas de revisão das NRMs 1 e 22 – que tratam das normas gerais e requisitos para a proteção dos trabalhadores – e da Resolução 95/2022 da Agência Nacional de Mineração (ANM), sobre a segurança de barragens.
A iniciativa faz parte da série de ações preparatórias para a participação do MPF e do MPT na 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), que ocorrerá em Belém, no Pará, de 10 a 21 de novembro.
Fortalecer para avançar
A mesa de abertura do evento contou com diversas autoridades e convidados. A procuradora do trabalho Cirlene Luiza Zimmermann, que atua na Coordenadoria Nacional de Defesa do Meio Ambiente do Trabalho e da Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora, destacou que o avanço da regulamentação é fundamental para a prevenção de novas tragédias, como o rompimento das barragens da Samarco em Mariana, em 2015, e da Vale em Brumadinho, em 2019.
“Não podemos pensar que se passou um ano, dois anos, cinco anos e agora podemos flexibilizar as normas novamente. Se houve um robustecimento das normas em 2020, depois dos acidentes, é isso que precisa ser mantido e é isso que precisa ser aprimorado”, enfatizou, defendendo que o crescimento econômico deve ocorrer com respeito à dignidade humana e à vida dos trabalhadores e comunidades. A procuradora apontou, ainda, que a Resolução 95/2022 da ANM contém disposições que ampliam a quantidade de trabalhadores expostos na zona de autossalvamento das barragens, em contrariedade com a Lei 12.334/2010, e que a revisão da norma deve corrigir essa irregularidade para proteger vidas.
Mauro Henrique Moreira Sousa, diretor-geral da Agência Nacional de Mineração (ANM), elogiou a iniciativa do evento e ressaltou a importância do diálogo e da interlocução no processo regulatório, sobretudo quando se trata de uma atividade de risco, com grandes impactos sociais e ambientais. “Precisamos considerar o elemento humano e social, além do aspecto ambiental. Eu defendo que a proteção que se dedica ao meio ambiente só está ali em razão do ser humano. A ANM tem esse cuidado”, afirmou.
Representando a Associação Mineira de Municípios (AMM), o prefeito de Conceição do Mato Dentro (MG), Otacílio Neto Costa Mattos, reforçou a necessidade de vigilância e apoio do Ministério Público e dos órgãos de fiscalização para que acidentes como os de Brumadinho e Mariana não se repitam. Destacou, ainda, o compromisso da AMM em garantir uma mineração mais sustentável e justa para a população de Minas Gerais.
Para as vítimas, não há reparação suficiente
Nayara Cristina Dias Porto, da Associação das Vítimas de Brumadinho (Avabrum), ressaltou a importância de eventos como este, especialmente para as famílias das 272 vítimas do rompimento da barragem da Vale em Brumadinho, em 2019, e das 20 vítimas em Mariana, em 2015, para as quais a reparação plena nunca será alcançada. Ela enfatizou que acordos e reparos não seriam necessários se os rompimentos de barragens não ocorressem, defendendo que o ideal é a prevenção.
Nayara ainda alertou para o fato de que muitos mineiros vivem sob a ameaça de barragens com risco de rompimento e afirmou que uma das principais bandeiras da Avabrum é a não repetição de tragédias. Ela clamou por regulamentações mais efetivas e pela desativação das barragens em risco, criticando o que parece ser a “indústria do lucro” por trás desses desastres. Para Nayara, a vida humana e a segurança dos trabalhadores devem ser prioridades absolutas sobre o lucro e a produção de minerais.
A íntegra dos debates está disponível no Canal do MPF no Youtube. As contribuições e sugestões discutidas serão consolidadas e encaminhadas à Agência Nacional de Mineração (ANM). A ideia é manter um diálogo contínuo para o aprimoramento das normas regulamentares do setor.
Secretaria de Comunicação Social
Procuradoria-Geral da República
(61) 3105-6404 / 3105-6408
pgr-imprensa@mpf.mp.br
facebook.com/MPFederal
x.com/mpf_pgr
instagram.com/mpf_oficial
www.youtube.com/canalmpf
Fonte MPF