MPF denuncia duas pessoas por fraude em licitação de obra no Porto do Baé em Barra do Garças (MT) — Ministério Público Federal em Mato Grosso

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Combate à Corrupção e Fiscalização de Atos Administrativos

19 de Junho de 2024 às 17h40

MPF denuncia duas pessoas por fraude em licitação de obra no Porto do Baé em Barra do Garças (MT)

Empresário e servidor público municipal também se tornaram réus pelo desvio de mais de R$ 270 mil em recursos públicos destinados à obra

foto mostra malhete - martelo em madeira usado por juiz - e estátua que representa a Justiça


Imagem: Stockphotos

A Justiça Federal recebeu denúncia do Ministério Público Federal (MPF) contra dois homens acusados de fraudar licitação para desviarem recursos federais destinados às obras de revitalização e ampliação do Porto do Baé, em Barra dos Garças (MT). A fraude, ocorrida em 2019, resultou em um rombo aos cofres públicos de mais de R$ 270 mil – cerca de R$ 400 mil em valores corrigidos. 

A denúncia é decorrente das investigações deflagradas na Operação Caliandra, que apurou irregularidades na aplicação de recursos públicos federais repassados ao Município de Barra do Garças. Um dos denunciados é empresário, representante da Construtora Chapadense Ltda, o outro é servidor público lotado na Secretaria de Obras do Município. 

De acordo com o apurado pelo MPF, a licitação para as obras de ampliação do Porto do Baé teve uma série de exigências e restrições irregulares que beneficiaram a Construtora Chapadense a vencer o certame. Além disso, as investigações demonstraram que a empresa não possuía condições técnica e operacional de conduzir a obra e que já havia um acordo previamente ajustado de que as obras seriam executadas pelo próprio servidor público denunciado. 

Desvios – Na denúncia, o MPF destaca que “embora cause perplexidade, a investigação confirmou que o servidor desempenhou uma dupla função na obra. Isso porque não se mostra isolado o relato de que, ao passo em que executava diretamente boa parte dessas obras, como se licitante vencedor fosse, o servidor era quem ‘ajudava’ os engenheiros e fiscais a acompanhar as obras do município, cuidando das obras da prefeitura”. 

Como relata a denúncia, o funcionário da prefeitura atestava a realização “de serviços incompletos e inadequados” pela Chapadense, o que permitia a subtração dos recursos. A investigação – que nasceu de uma denúncia anônima em setembro de 2019 feita à Polícia Federal – levantou que a empresa vencedora da licitação sequer “funcionava no endereço indicado como sua sede, que correspondia a um endereço residencial, sem nenhum indício de atividade empresarial, aparentando tratar-se de empresa de fachada”. 

Além disso, apurou-se que o servidor denunciado havia movimentado em suas contas bancárias “valores incompatíveis com sua remuneração”, de ordem superior a R$ 3 milhões, no período de 4 anos. Empresas que possuíam contrato com a prefeitura de Barra do Garças depositavam valores bancários para ele pouco tempo depois de receberem valores do município. 

O MPF destaca, ainda, que a investigação continua em andamento e que a denúncia encaminhada à Justiça Federal se limita apenas aos dois acusados e à obra pública do trecho 02 no Porto do Baé. “Os fatos continuam em apuração e, possivelmente, irão ensejar novas denúncias em momento oportuno”, diz trecho da peça.

Sigilo – A Justiça também atendeu pedido do MPF para retirar o sigilo do processo que autorizou a prisão preventiva dos acusados, a busca e apreensão e a quebra de sigilo bancário e de dados durante as investigações. Atualmente, os denunciados estão em monitoramento eletrônico, após um período em prisão preventiva, além de cumprirem outras medidas restritivas. Inclusive, atendendo a pedido do MPF, a Justiça Federal enviou ofício à Prefeitura de Barra do Garças para que suspenda o exercício da função pública do servidor envolvido nos desvios, bem como de sua atividade de natureza econômica relacionada a obras públicas.

Ação Judicial: 1001114-98.2024.4.01.3605

 

Assessoria de Comunicação
Ministério Público Federal
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Fonte MPF