MPF defende aprovação do Estatuto dos Povos Ciganos em audiência pública na Câmara do Deputados — Procuradoria-Geral da República

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Comunidades Tradicionais

23 de Maio de 2024 às 16h25

MPF defende aprovação do Estatuto dos Povos Ciganos em audiência pública na Câmara do Deputados

Em debate há 12 anos, proposta legislativa já foi aprovada pelo Senado e está em análise agora na Câmara

Foto de auditório na Câmara do Deputados, com mesa de debatedores ao fundo


Foto: Antônio Augusto/Comunicação/MPF

“A qualidade de uma democracia se mede não apenas quando se tem o respeito à vontade da maioria, mas especialmente quando se respeita os direitos e interesses legítimos da minoria”. A afirmação é do subprocurador-geral da República Luciano Mariz Maia, que representou o Ministério Público Federal (MPF) na audiência pública que debateu a criação do Estatuto dos Povos Ciganos, nesta quinta-feira (23). O encontro, promovido pela Comissão da Amazônia e dos Povos Originários e Tradicionais da Câmara dos Deputados, contou com a participação de lideranças ciganas de todo o país, além de parlamentares e representantes do Executivo.

O projeto de lei que cria o Estatuto e prevê a adoção de políticas públicas específicas os ciganos do Brasil foi proposto pelo senador da República Paulo Paim (PT-RS), em 2015. A matéria foi aprovada pelo Senado Federal em 2022 e enviada para análise da Câmara dos Deputados, onde tramita como o PL 1.387/2022. Entre outros pontos, a proposta torna obrigatória a coleta periódica de informações demográficas sobre a população cigana que, segundo o último levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2014, conta com 800 mil a um milhão de pessoas.

Na audiência pública, Luciano Mariz Maia ressaltou a importância de o Estado brasileiro reconhecer o respeito à igualdade na diferença das minorias invisibilizadas. Segundo ele, a propositura do Estatuto dos Povos Ciganos, em debate há mais de 12 anos, tem proporcionado transformações significativas dentro das próprias comunidades, onde a pauta de direitos é incorporada por homens e mulheres ciganas.

A proposta legislativa contempla áreas como educação, saúde, esporte, cultura e lazer. Também prevê o acesso à terra, à moradia e ao trabalho e determina ações afirmativas em favor dos povos ciganos. O Estatuto aponta ainda o dever do Estado e da sociedade de garantir a igualdade de oportunidades e o direito à participação da comunidade em questões pertinentes ao seu modo tradicional de vida, nos termos da Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT).

“O que os ciganos querem é o acesso às políticas públicas, o respeito à sua adequação cultural. É nesse sentido que, afirmando a particularidade dos povos ciganos, o que se quer é que eles sejam iguais a todos”, destacou o subprocurador-geral da República. Mariz Maia também reforçou o compromisso do Ministério Público em trabalhar como interlocutor para que o projeto legislativo se torne lei e, posteriormente, na concretização das políticas de assistência ao povo cigano.

Debate participativo – A audiência pública foi presidida pela deputada federal Érika Kokay (PT-DF) e teve participação de ciganos e ciganas de todo o Brasil. Além do subprocurador-geral Luciano Mariz Maia, estavam presentes o secretário nacional de Políticas para Quilombolas, Povos e Comunidades Tradicionais de Matriz Africana, Povos de Terreiros e Ciganos do Ministério da Igualdade Racial, Ronaldo Santos; e o presidente da Associação Nacional das Etnias Ciganas, Wanderley da Rocha.

Também participaram do debate o presidente da Associação Cultural Estadual de Direito e Defesa do Povo Cigano de Minas Gerais, José Willames; a conselheira nacional de Promoção da Igualdade Racial e membro da Associação Nacional das Mulheres Ciganas, Edvalda Bispo dos Santos Viana; a conselheira nacional dos Povos e Comunidades Tradicionais, Maura Piemonte; e os ciganos Claudio Iovanovitchi, do povo Rom; Rose Winter, do povo Sintim; e Francisco Lacerda de Figueiredo, liderança cigana de Souza (PB).

Maio Cigano – Com o objetivo de dar visibilidade à população cigana do Brasil, conhecer seus desafios e vulnerabilidades, combater o preconceito e a discriminação, e desenvolver ações voltadas à defesa dos direitos desse povo tradicional, o Ministério Público Federal (MPF) realiza anualmente, no mês de maio, a ação coordenada Maio Cigano.

Promovida pela Câmara de Populações Indígenas e Comunidades Tradicionais do MPF (6CCR), a iniciativa inclui eventos internos para debater estratégias de atuação, visitas a ranchos e acampamentos, participação em debates públicos e ações de comunicação nos canais oficiais do MPF.

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Fonte MPF