MPF debate sobre justiça social e diversidade em Seminário de Direitos Humanos no TRT da Paraíba — Procuradoria da República na Paraíba

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Direitos do Cidadão

5 de Dezembro de 2025 às 16h45

MPF debate sobre justiça social e diversidade em Seminário de Direitos Humanos no TRT da Paraíba

Evento reúne especialistas e instituições públicas para discutir justiça plural, combate à discriminação e garantia de direitos fundamentais

Auditório com paredes de madeira, cadeiras pretas ocupadas por público atento. No palco, três pessoas debatem diante de uma tela que exibe o título "Seminário Direitos Humanos: Por uma justiça plural e antirracista". Há bandeiras e um crucifixo ao fundo, indicando ambiente institucional.


A procuradora da República Janaina Andrade representa o MPF no Seminário de Direitos Humanos – Por uma Justiça Plural e Antidiscriminatória, no auditório do TRT-PB, em João Pessoa (PB), em 5/12/2025. Foto: Comunicação/MPF.

O Ministério Público Federal (MPF) participou, na manhã desta sexta-feira (5), da abertura e dos painéis de debate do Seminário de Direitos Humanos – Por uma Justiça Plural e Antidiscriminatória, no Auditório do Tribunal Pleno do TRT-PB, em João Pessoa. O evento foi promovido pelo Tribunal Regional do Trabalho da 13ª Região (TRT-13), por meio da Escola Judicial, em parceria com o MPF, o Programa de Equidade de Raça, Gênero e Diversidade da Justiça do Trabalho, e o Centro Universitário de João Pessoa (Unipê). Autoridades, pesquisadores e representantes da sociedade civil presentes discutiram temas essenciais da agenda de proteção e promoção de direitos fundamentais no país.

Durante a abertura do seminário, a presidente do TRT-13, desembargadora Herminegilda Leite Machado, ressaltou a relevância de aproximar instituições, movimentos sociais e comunidades tradicionais na construção de soluções para combater desigualdades e práticas discriminatórias. Ela destacou que o evento acontece em alusão ao Dia Internacional dos Direitos Humanos, que é celebrado em 10 de dezembro.

“É um momento em que o mundo reafirma a centralidade da dignidade humana. Quando falamos em direitos humanos, falamos de um compromisso que ultrapassa formulações abstratas. Como nos lembra a cientista política e especialista em justiça de transição, Glenda Mezarobba, os direitos humanos devem ser compreendidos como políticas concretas destinadas a assegurar que cada pessoa seja reconhecida como sujeito de dignidade”, declarou.

A cerimônia de abertura contou, ainda, com a participação de representantes dos comitês de equidade e da Comissão de Erradicação do Trabalho Infantil, além de integrantes do MPF, Ministério Público da Paraíba (MPPB), Ministério Público do Trabalho (MPT), Ministério Público de Contas, Advocacia-Geral da União (AGU) e demais autoridades.

O secretário-geral adjunto do Ministério Público da União (MPU), Paulo Santiago, na fala de abertura do evento destacou o papel do órgão na promoção de ações inclusivas e no fortalecimento de mecanismos institucionais de enfrentamento à discriminação. “A essência do MPF é a proteção dos direitos humanos — é nossa função constitucional. Estar presente em um evento que aborda o tema sob diferentes perspectivas, considerando a defesa de diversas comunidades e grupos que temos o dever de proteger, é fundamental. Por isso, fico muito satisfeito em participar desta iniciativa”, afirmou.

A promotora de Justiça Anne Emanuelle Malheiros, coordenadora do CAO Cidadania e Direitos Fundamentais do MPPB, destacou a importância do diálogo interinstitucional na defesa dos direitos humanos. “Para nós, é uma alegria renovada participar de um seminário que discute a necessidade de um olhar mais humanitário e acolhedor por parte do sistema de justiça e da sociedade, especialmente em relação às pessoas mais invisibilizadas. A atuação do Ministério Público nesse contexto é fundamental. Queremos somar esforços com outros órgãos e seguir juntos na defesa desses direitos”, finalizou.

A imagem anexa captura um momento de um seminário ou evento formal sobre Direitos Humanos, conforme indicado pelo slide projetado ao fundo. O foco principal é um homem de pele clara, vestindo um terno escuro sobre uma camisa estampada, que está de pé atrás de uma tribuna de acrílico transparente e falando ao microfone. Ele gesticula com a mão direita, sugerindo que está proferindo um discurso ou palestra. No slide projetado, lê-se "Seminário Direitos Humanos" e o tema parece ser "Por um... antidiscriminatória", embora o texto esteja parcialmente ilegível. A sala é escura, destacando o palestrante e o slide, e apresenta uma disposição formal de assentos em fileiras vazias (algumas cadeiras pretas e uma vermelha), típicas de auditórios ou salas de tribunal/plenário. A tribuna é decorada com o que parece ser um brasão ou logo institucional, e há arranjos de flores tropicais em vasos adornando o púlpito e o palco elevado.MPF e debates sobre justiça social e antidiscriminação – A programação técnica teve início com a mesa-redonda “Direitos Humanos e Justiça Social – Caminhos para uma Justiça Antidiscriminatória”, da qual participaram o subprocurador-geral da República Luciano Mariz Maia e a procuradora regional dos Direitos do Cidadão na Paraíba (PRDC/PB), Janaina Andrade. O debate analisou políticas públicas, marcos normativos, jurisprudenciais e desafios estruturais relacionados à proteção de grupos vulnerabilizados, como negros, indígenas e povos ciganos.

O subprocurador Luciano Maia ressaltou a centralidade dos direitos humanos na atuação do Ministério Público e a importância de fortalecer políticas públicas que garantam respeito à diversidade e proteção contra todas as formas de violência e exclusão. “O Ministério Público Federal exerce um papel fundamental como guardião da Constituição, e ela reforça a luta contra o racismo e todas as formas de discriminação. Participar de um evento na Justiça do Trabalho, que chega aos seus 40 anos com atuação cada vez mais sensível à realidade de homens e mulheres trabalhadores, é especialmente relevante para compreendermos o racismo estrutural presente na sociedade. É uma oportunidade de dialogar com outros campos da área jurídica e refletir sobre como podemos aprimorar nosso olhar para identificar e enfrentar situações de racismo, tornando efetiva a igualdade prevista na lei e nos fatos”, declarou.

A procuradora Janaina Andrade ressaltou que a promoção da justiça social exige o enfrentamento direto das desigualdades históricas, sobretudo na proteção de comunidades tradicionais, minorias étnico-raciais e grupos religiosos. Ela lembrou que o fundamento do direito antidiscriminatório no Brasil reside na Constituição Federal de 1988, que estabelece como objetivo fundamental da República “promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade ou quaisquer outras formas de discriminação”. Contudo, mesmo após trinta e sete anos após sua promulgação, o racismo, o sexismo e o preconceito ainda persistem fortemente na sociedade brasileira.

“Nesse contexto, a atuação do MPF como agente transformador da realidade social é de extrema importância, para promover a igualdade no aspecto formal e material. Não é mais possível conceber um país com um arcabouço normativo avançado, mas cujas estatísticas mostram que o Brasil está entre os que mais registram assassinatos de pessoas trans, mulheres (feminicídios) e jovens negros. Por isso, eventos como este seminário — voltados aos direitos humanos — são fundamentais para mobilizar todo o sistema de justiça na mudança de vieses e estereótipos historicamente normalizados”, concluiu Janaina.

A mesa contou, ainda, com a participação de Mãe Renilda, diretora-presidente da Federação Independente de Cultos Afro-Brasileiros da Paraíba (Ficab), que reforçou a importância do combate ao racismo religioso e da valorização das tradições de matriz africana. “Este é um momento muito significativo, pois aborda o antirracismo e a pluralidade nas políticas inclusivas. Observamos um avanço importante quando o Ministério Público propõe esse diálogo com todos os povos, especialmente ao incluir as comunidades tradicionais de terreiro. Isso enriquece o debate e fortalece a construção de uma sociedade mais justa e respeitosa”, afirmou.

O segundo painel da manhã, “Letramento racial e de gênero – Caminhos para enfrentar o racismo e o sexismo nas instituições”, reuniu professoras da Universidade Federal do Piauí (UFPI) e da Unipê para discutir estratégias de formação continuada, políticas de equidade e mecanismos institucionais de enfrentamento às discriminações, reforçando a importância de práticas educativas permanentes voltadas à mudança de estruturas e comportamentos. A mesa teve mediação da desembargadora do tribunal de Justiça da Paraíba (TJPB), Anna Carla Lopes.

A imagem anexa captura um momento de um evento formal, possivelmente um seminário ou debate, que ocorre em um auditório ou sala de conferências. Três palestrantes estão sentados em cadeiras de escritório pretas sobre um pequeno palco elevado. No centro, um homem de meia-idade, vestindo um terno escuro com uma gravata vermelha, está falando ao microfone, segurando um papel. À sua esquerda (direita do observador), uma mulher de óculos, vestindo uma blusa azul-marinho e calças claras, está sentada com um telefone na mão. À direita dele (esquerda do observador), um homem mais jovem, com barba e vestindo uma camisa social azul clara e calças escuras, está sentado com as pernas cruzadas. Atrás deles, um projetor exibe um slide com o texto "SEMINÁRIO DIREITOS HUMANOS" e a frase "Por uma justiça plural e solidária", ilustrado com figuras coloridas representando diversidade. O palco é decorado com um arranjo floral de tons de rosa, vermelho e branco, e há copos de água e microfones de lapela para os participantes.Direitos LGBTQIA+ e os desafios de inclusão – Encerrando a programação da manhã, o procurador da República Lucas Dias integrou a mesa-redonda “Direitos da Pessoa LGBTQIA+”, que analisou avanços, retrocessos e desafios na garantia de direitos, com foco na violência, na discriminação e na criação de políticas públicas de proteção.
Lucas Dias ressaltou a necessidade de atuação articulada entre órgãos públicos para assegurar proteção integral a pessoas LGBTQIA+, especialmente diante do aumento de episódios de violência e intolerância no país.

“Garantir a proteção integral da população LGBTQIA+ exige uma atuação conjunta e coordenada entre todas as esferas do poder público. Diante do crescimento dos episódios de violência e intolerância no país, é fundamental fortalecermos redes de apoio, aprimorarmos nossos mecanismos de denúncia e ampliarmos políticas públicas que assegurem dignidade e segurança. Somente com esforços integrados conseguiremos avançar na promoção de direitos e na construção de uma sociedade verdadeiramente inclusiva”, destacou Lucas Dias.

A discussão contou, ainda, com a participação da especialista Clarisse Mack, mestranda em Direitos Humanos, Cidadania e Políticas Públicas da UFPB e fundadora do Transfeminismo Jurídico, e mediação do juiz do TRT-PB André Machado Cavalcanti, que abordou o papel das instituições na efetivação de medidas de inclusão e na promoção de justiça social.

“Esse evento, realizado de forma conjunta pelo TRT, MPF e Programa de Pós-Graduação do Unipê, revela justamente a necessidade de um diálogo mais frequente entre a academia e o sistema de justiça na defesa dos direitos humanos. É importante a gente pesquisar e escrever sobre o assunto, mas é necessário também que o sistema de justiça beba nessa fonte da pesquisa acadêmica, de modo a qualificar o seu trabalho na defesa e na promoção dos direitos humanos”, ressaltou André Machado.

O seminário seguiu ao longo do dia com discussões sobre acesso à justiça para pessoas em situação de rua e envelhecimento da população brasileira. O encerramento, realizado no turno vespertino, foi marcado pela palestra “Entre o direito e a ruptura – desafios para erradicar o trabalho infantil”, ministrada pelo ministro do Tribunal Superior do Trabalho (TST) Alberto Bastos Balazeiro, com mediação da juíza do trabalho do TRT-PB Poliana Sá.

 

 

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Fonte MPF