MPF cobra solução para impasses na regularização de conjunto habitacional em Maceió — Procuradoria da República em Alagoas

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Direitos do Cidadão

24 de Julho de 2025 às 9h36

MPF cobra solução para impasses na regularização de conjunto habitacional em Maceió

Reunião tratou de abastecimento de água, esgotamento sanitário, licenciamento ambiental e regularização do Residencial Sonho de Antônio Duarte

Imagem com fundo desfocado em tons claros, sugerindo um pôr do sol. À esquerda, há a silhueta de uma casa estilizada em madeira clara, com quatro janelas quadradas. À direita, em letras grandes e marrons, está escrito: “Moradia”.


Arte: Comunicação MPF/AL

O Ministério Público Federal (MPF) em Alagoas realizou, no dia 15 de julho, mais uma reunião para acompanhar o andamento da regularização do Conjunto Habitacional Sonho de Antônio Duarte, no bairro Riacho Doce, em Maceió/AL. O loteamento, construído com recursos do programa Minha Casa, Minha Vida – Entidades (MCMV-E), foi concluído em 2015, mas até hoje não conta com a documentação regularizada nem com acesso pleno a serviços públicos essenciais.

Coordenado pela procuradora da República Roberta Bomfim, o encontro contou com a participação da Associação do Loteamento Sonho de Antônio Duarte (ALSAD), da Associação do Movimento de Alfabetização de Jovens e Adultos (AMOVA), da Caixa Econômica Federal, da Prefeitura de Maceió e da concessionária BRK Ambiental.

Falta de regularização prejudica moradores há quase 10 anos

Embora as 200 unidades habitacionais tenham sido entregues concluídas, os imóveis permanecem sem “habite-se”, o que impede a regularização contratual das famílias e a transferência legal da propriedade. Além disso, o empreendimento enfrenta dificuldades no fornecimento de água, coleta e tratamento de esgoto e licenças ambientais vencidas, gerando sucessivas autuações.

Reunião AMOVAComo a AMOVA se tornou responsável pelo empreendimento

A responsabilidade pela condução do projeto está com a AMOVA, entidade civil sem fins lucrativos que aderiu à modalidade “Entidades” do MCMV. Nesse modelo, a associação deve organizar os beneficiários, apresentar a proposta habitacional, contratar equipe técnica e acompanhar a execução da obra. Também cabe à entidade viabilizar o licenciamento ambiental, o habite-se, o registro dos imóveis e articular os serviços públicos necessários à ocupação regular do conjunto.

No caso do Conjunto Habitacional Sonho de Antônio Duarte, a AMOVA não conseguiu renovar a licença ambiental nem regularizar os sistemas de abastecimento e esgoto, o que tem travado o processo de legalização.

Abastecimento de água e esgoto seguem com pendências

Durante a reunião, a BRK Ambiental informou que o conjunto está dentro de sua área de concessão, mas não pode assumir o fornecimento de água e esgoto devido a impedimentos técnicos, como a falta de hidrômetros, irregularidades nos poços e ausência de uma Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) operante. Atualmente, os moradores dependem da compra de água de um fornecedor local.

A concessionária se comprometeu a realizar uma nova vistoria no prazo de 45 dias e apresentar ao MPF um relatório técnico com diagnóstico atualizado das pendências, indicando as condições mínimas para assumir o sistema.

Reunião AMOVAIPTU em nome da associação gera conflitos

Outro impasse diz respeito ao IPTU. Todas as unidades foram registradas em nome da AMOVA, que tem repassado a cobrança diretamente aos moradores. A Secretaria da Fazenda de Maceió explicou que, sem o habite-se, não é possível alterar a titularidade dos imóveis no cadastro tributário municipal.

A Sefaz sinalizou interesse em colaborar na regularização, mas reforçou que tudo depende do “habite-se”, e esclareceu que, uma vez legalizado o empreendimento, cada morador deverá fazer o requerimento de isenção ou revisão do imposto individualmente.

Custo da manutenção sem solução definida

Diante da indefinição sobre quem arcará com os custos de manutenção do sistema de água e esgoto, a AMOVA defendeu que o financiamento seja assumido pela Caixa. No entanto, a instituição alegou que, após a entrega física da obra, não possui mais rubricas orçamentárias para despesas operacionais, que são de responsabilidade da entidade proponente.

Atuação do MPF

O MPF acompanha o caso por meio de um inquérito civil desde 2017 e alguns entraves foram superados ao longo do tempo. Para a procuradora da República Roberta Bomfim, a falta de regularização compromete direitos básicos das famílias beneficiárias e essa situação precisa ser resolvida com urgência porque os problemas estão crescendo. “Ainda que cada instituição tenha seus limites de atuação, é preciso que todos se comprometam com soluções e atuem com responsabilidade para garantir condições mínimas de habitabilidade às famílias que vivem ali”, afirmou.

Reunião AMOVA

Inquérito Civil nº 1.11.000.000026/2017-75

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Fonte MPF