MPF atua para assegurar preservação cultural e histórica da comunidade ribeirinha em João Pessoa (PB) — Procuradoria da República na Paraíba

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Comunidades Tradicionais

9 de Maio de 2024 às 16h30

MPF atua para assegurar preservação cultural e histórica da comunidade ribeirinha em João Pessoa (PB)

Projeto de revitalização sugerido pela comunidade e apresentado pela Prefeitura da capital paraibana foi aprovado no PAC Seleções

Arte com uma foto que mostra duas mãos negras segurando um objeto que parece feito de palhas ou fibras trançadas. Sobre a foto, ligeiramente escurecida, se lê a expressão "Comunidades Tradicionais", escrita em letras brancas.


Arte: Comunicação/MPF

Nesta quarta-feira (8), o Ministério Público Federal (MPF) celebra a aprovação do projeto de revitalização da comunidade do Porto do Capim no Novo PAC Seleções, anunciado pelo Governo Federal. O projeto de revitalização da comunidade ribeirinha, localizada às margens do rio Sanhauá, no Centro Histórico de João Pessoa (PB), receberá um investimento de R$ 100 milhões do orçamento geral da União, na modalidade Periferias Vivas – Urbanização de Favelas. O MPF acompanha de perto o caso, atuando em defesa dos direitos humanos e da permanência da comunidade em seu território ancestral.

A proposta participativa foi construída a partir de um mapa de desejos elaborado pela própria comunidade. Em novembro de 2023, o projeto foi apresentado ao Ministério das Cidades pela Prefeitura da capital paraibana. O objetivo da proposta é promover melhorias que garantam a segurança e qualidade de vida dos moradores. “Na construção desse projeto, a gente conseguiu colocar vários pontos que a comunidade deseja, que os moradores e moradoras querem para o seu território e isso ter sido aceito e aprovado é muito honroso para a gente e traz muita felicidade”, afirmou Rayssa Holanda, representante da comunidade.

Para o procurador da República José Godoy, que atua no caso, a seleção do projeto de revitalização no PAC tem um significado importante para o município. “Na verdade, é uma notícia fantástica porque, com a aprovação do projeto, a cidade de João Pessoa protege parte seu patrimônio cultural e imaterial, representado pela Comunidade do Porto do Capim, uma das várias comunidades tradicionais que tanto enriquecem a cultura da capital”, afirmou.

O procurador também destaca a nova perspectiva de discussão que possibilitou a construção da proposta selecionada. Godoy aponta a importância de “a discussão acontecer com a comunidade, o projeto ser feito com a comunidade, não para a comunidade ou contra a comunidade, como vinha acontecendo; e isso é um exercício democrático, de como devem ser feitas políticas públicas e, acima de tudo, de como devemos tratar o nosso patrimônio cultural, imaterial e histórico, que são as comunidades tradicionais”.

Conforme o coordenador-geral de Articulação e Planejamento da Secretaria Nacional de Periferias do Ministério das Cidades, Flavio Tavares, a proposta de investimento de R$ 100 milhões do novo programa federal Periferia Viva em João Pessoa é a consolidação da comunidade, entendendo o seu território tradicional ribeirinho, mas dotando a área de qualidade urbana. “Isso significa que a gente vai prover recursos para urbanização por completo, saneamento básico, abastecimento de água, iluminação pública, pavimentação, construção de equipamentos sociais, entre outras coisas, considerando o patrimônio material e imaterial que existe naquela comunidade”, anunciou Tavares.

Histórico de resistência – Localizada às margens do rio Sanhauá, berço da capital paraibana, a comunidade tem mais de 80 anos e há mais de uma década está em processo de resistência na defesa do território tradicional do Porto do Capim. Nesse processo histórico, a comunidade ribeirinha se organizou por meio da Associação de Mulheres Moradoras do Porto do Capim, do grupo de jovens Garças do Sanhauá e da Comissão Porto do Capim em Ação, que envolveram moradores e moradoras no processo de defesa do território.

Em 2015, o Ministério Público Federal (MPF) começou a atuar no caso após receber um relatório de violação de direitos humanos do Núcleo de Cidadania e Direitos Humanos da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), que destacava um projeto da prefeitura de João Pessoa para remover a comunidade do Porto do Capim de seu território e implementar projetos turísticos.

O MPF identificou a comunidade como tradicional ribeirinha, confirmada por laudos do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), do MPF e da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), que ressaltaram os vínculos históricos e ancestrais da comunidade com o território.

Apesar disso, as gestões municipais que se sucederam desde 2015 pretendiam levar adiante projetos que visavam deslocar a comunidade do seu espaço para implementar obras que resultariam em estacionamentos e áreas de passeio público.

Atuação judicial – Em 2019, a prefeitura notificou parte dos moradores da comunidade para saírem de suas casas em 24 horas. Isso levou o MPF a propor uma ação civil pública do MPF para garantir o território da comunidade, especialmente por meio da regularização fundiária.

A prefeitura, por sua vez, ajuizou em 2023 uma reclamação no Supremo Tribunal Federal (STF), solicitando autorização para retirar a comunidade do Porto do Capim sob a alegação de que se tratava de uma área de risco.

No entanto, a Defensoria Pública da União, que também atua no caso desde o início, contestou essa ação da prefeitura no Supremo, argumentando contra a remoção da comunidade. Em decisão contundente, a ministra Carmén Lúcia julgou improcedente o pedido da prefeitura, rejeitando a solicitação de remoção da comunidade ribeirinha.

No final de 2023, após a decisão do Supremo, o diálogo foi retomado. Nesse contexto, o Ministério das Cidades entrou no caso por meio do projeto Periferias Vivas, apresentando uma nova perspectiva para a intervenção na área do território do Porto do Capim. A comunidade ribeirinha propôs um projeto que foi discutido com a prefeitura e validado perante o Ministério das Cidades.

Objetivos do projeto – Os principais objetivos do projeto de revitalização são proteger o patrimônio cultural e material da comunidade do Porto do Capim; garantir que as famílias permaneçam em seu território, evitando a realocação para outras áreas da cidade; solucionar problemas que representem riscos na área, em vez de remover a comunidade, promovendo melhorias na região; desenvolver o projeto a partir das perspectivas e necessidades da comunidade, em um processo participativo e colaborativo; e implementar políticas públicas que respeitem e valorizem o patrimônio cultural, imaterial e histórico da comunidade.

Veja aqui a relação das cidades selecionadas no PAC Periferias Vivas.

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Fonte MPF