Geral
24 de Junho de 2024 às 18h10
MPF atua na reconstrução dos lares e das vidas de estagiários, trabalhadores terceirizados e servidores
Integrantes de comitê responsável pela retomada visitaram colegas que tiveram suas casas alagadas
Dona Pedrolina, funcionária de empresa terceirizada, em sua residência em Canoas | Fotos: Subcomitê de Acolhimento e Diagnóstico Local dos Danos
Maio de 2024 será lembrado como um dos meses mais desafiadores na história do Rio Grande do Sul. Chuvas torrenciais e eventos climáticos adversos causaram enchentes arrasadoras, levando à destruição de lares e ao deslocamento de famílias inteiras. Residências construídas com anos de trabalho e economias foram devastadas, arrastando móveis e objetos pessoais que carregavam lembranças preciosas. Para muitas pessoas, algumas delas integrantes do Ministério Público Federal (MPF), o impacto foi mais do que material – foi a perda de memórias de uma vida.
Entre os milhões de gaúchos afetados, estão integrantes da Procuradoria Regional da República na 4ª Região (PRR4) e da Procuradoria da República no Rio Grande do Sul (PR/RS), unidades do MPF sediadas em Porto Alegre, e de Procuradorias da República em outros municípios gaúchos. São 16 trabalhadores de empresas terceirizadas, três estagiários, 15 servidores e dois familiares de servidores. Todos vivem em áreas impactadas de Porto Alegre e região metropolitana, do Vale do Taquari, do Vale do Rio Pardo e da Lagoa dos Patos.
Desde os primeiros dias da crise climática e social que abalou o RS, esse grupo começou a ser mapeado e assistido pelo Comitê Gestor da Reconstrução, coordenado pela procuradora regional da República Daniele Escobar (PRR4) e constituído por membros e servidores da PRR4, da PR/RS, da Procuradoria da República em Santa Catarina (PR/SC) e da Procuradoria-Geral da República (PGR).
Recursos advindos de campanhas locais da PRR4 e da PR/RS permitiram que servidores voluntários levassem aos colegas desalojados água, alimentos, colchões, roupas e valores em dinheiro para despesas urgentes, na medida de suas necessidades. Também vêm sendo oferecidas assistências social, médica e psicológica. Paralelamente, o comitê iniciou uma campanha nacional no âmbito do MPF, a Ajuda RS, para apoiar a reconstrução das casas e das vidas desses colegas.
Entre 4 e 7 de junho, esse grupo, por meio do Subcomitê de Acolhimento e Diagnóstico Local dos Danos, realizou 14 visitas domiciliares aos locais mais devastados pelas enchentes. Neles residem principalmente trabalhadoras de empresas terceirizadas. Também foram feitos seis atendimentos presenciais, além de entrevistas por videochamada, entre 4 e 11 de junho.
Durante esses contatos, foram coletados dados detalhados para identificar com precisão as necessidades específicas dos entrevistados, como condições de moradia, renda familiar e necessidade de apoio emergencial para aluguel. Com base nessa avaliação, as situações foram classificadas em uma escala de 0 a 5+. Essa análise permitirá que o Comitê Gestor continue a direcionar os recursos de forma individualizada, direcionada e eficaz.
Em alguns casos, foram necessárias avaliações técnicas devido aos danos significativos nas residências. Os arquitetos voluntários Andrea Neves e Marcelo Rocha visitaram quatro casas em Eldorado do Sul e Canoas para realizar inspeções detalhadas e fornecer relatórios com sugestões de reparos.
Dada a urgência das necessidades identificadas, o Subcomitê recomendou ao Comitê Gestor da Reconstrução a distribuição imediata de um auxílio emergencial para cada um dos 18 trabalhadores terceirizados e cada uma das três estagiárias afetadas, efetivado no dia 7 de junho. Além do auxílio financeiro, eles e elas também receberam itens essenciais para suas casas, como lençóis, cobertores, toalhas, canecas e materiais de higiene pessoal. As mulheres ganharam roupas íntimas; as crianças, pijamas.
A coordenadora do Comitê Gestor da Reconstrução, Daniele Escobar, relata ter ouvido, durante as visitas, inúmeras histórias de resgates, de vidas salvas e perdidas. Segundo ela, naquele cenário com montanhas de entulho, ruas cobertas de lama e persistente cheiro da enchente, sentimentos e afetos se misturavam a cada residência visitada, a cada pessoa abraçada. O impacto emocional sobre a equipe foi marcante, mas, ao fim de cada dia, os integrantes tinham a certeza de estar cumprindo seu dever.
“Pegamos um pouco da tristeza e sentimos na pele a angústia das pessoas, mas deixamos um pouco de esperança. Deixamos com elas a certeza de que não estão sozinhas. O MPF é grandioso, humano, solidário. Somos quase 11 mil pessoas, entre procuradores e servidores. Se cada um doar algum valor, qualquer valor, certamente teremos o suficiente para reconstruir os lares daqueles que trabalham conosco e que tanto precisam da nossa ajuda neste momento de calamidade”, afirma a procuradora.
Assista ao vídeo que mostra algumas das casas visitadas.
“Recomeçar” e “reconstruir” foram os verbos mais ouvidos pela assistente social da PGR Patrícia Alves, integrante do Subcomitê de Acolhimento. Segundo a servidora, o trabalho está sendo conduzido “com cautela e muito profissionalismo” para garantir equidade na distribuição dos recursos arrecadados pela campanha. Ela também destaca a importância da empatia e do dinamismo nas ações do Subcomitê de Acolhimento, “essenciais para realizar um trabalho eficaz, efetivo e, acima de tudo, amoroso”.
Para Cynthia Orengo, servidora da PR/SC e integrante da equipe, é preciso se fortalecer para esse importante trabalho de escuta e acolhimento. Uma frase, dita por uma das vítimas, marcou-a profundamente: “Não foram só perdas materiais. Perdi lembranças, recordações, memórias de uma vida”. Assista ao depoimento da servidora.
Subcomitê de Acolhimento e Diagnóstico
Formado por servidoras de quatro unidades e liderado pela procuradora Andreia Agostini (PRRS), o Subcomitê de Acolhimento e Diagnóstico é composto por Sandra Folchini Preza (PRR4), Lisane Cristina Fontoura Berlato (PR/RS), Patrícia Alves (PGR), Manuela Francalacci Nedeff (PR/RS), Ana Cristina Goulart Lopes (PR/RS), Cynthia de Moura Orengo (PR/SC), Cléria Nunes (PR/SC) e Lisandra Spiazzi Berleze (PR/RS). Este grupo tem a responsabilidade de organizar visitas e contatos para avaliar os danos sofridos e planejar o suporte necessário aos afetados pela enchente.
Para mais detalhes sobre as atividades, confira a linha do tempo elaborada pelo Subcomitê.
Você ainda pode ajudar!
A campanha Ajuda RS continua. A meta do Comitê Gestor da Reconstrução é alcançar R$ 500 mil para garantir que cada casa receba os reparos necessários, desde pequenas reformas até reconstruções completas e aquisição de novos móveis.
As doações podem ser feitas por meio da Associação dos Servidores do MPF (ASMPF), da Associação dos Membros do Ministério Público Federal (AMPF) e da Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR).
Veja a seguir as chaves para envio de Pix. Escolha uma delas e faça a sua doação!
Servidores
ASMPF: CNPJ 00.679.308/0001-05
Membros
ANPR: CNPJ 00.392.696/0001-49
AMPF: CNPJ 51.254.638/0001-90
Fonte MPF