MPF aponta desafios e avanços na proteção de migrantes no Pará — Procuradoria da República no Pará

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Direitos do Cidadão

25 de Novembro de 2025 às 15h45

COP30: MPF aponta desafios e avanços na proteção de migrantes no Pará

Mesa reuniu lideranças indígenas Warao, provenientes da Venezuela, e outras instituições para discutir políticas públicas voltadas a essas populações

Imagem do estande do MPF no momento dos debates. Um grupo de pessoas sentadas em semicírculo observa um homem em pé no centro, vestindo um cocar. No chão, em frente a ele, está uma bandeira da Venezuela e artefatos indígenas.


Foto: Vam Gonçalves/MPF

O último dia de programação do estande do Ministério Público Federal (MPF) na 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30) contou com um debate dedicado aos desafios para o acolhimento de migrantes indígenas venezuelanos Warao no Pará e a consolidação da Rede Migra-Ação. No painel, os participantes ressaltaram que a crise climática e os deslocamentos forçados se entrelaçam e que o Estado precisa atuar para proteger vidas, modos de existência e direitos humanos — especialmente de povos invisibilizados que resistem apesar da violência, da precarização e da perda territorial.

O encontro foi coordenado pelo procurador regional dos Direitos do Cidadão no Pará, Sadi Machado, e contou com a participação de associações de migrantes, representantes da Cáritas e da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). O procurador falou sobre o trabalho feito pelo MPF nos últimos anos para assegurar os direitos dos indígenas Warao em Belém (PA). Desde 2017, o grupo – originário da região que hoje corresponde à Venezuela – passou a compor a população de comunidades tradicionais no estado do Pará em consequência da migração forçada em massa.

Em 2018, o MPF entrou com uma ação civil pública na Justiça, que resultou em um acordo com o município de Belém, o estado do Pará e diversas instituições, para garantir o acolhimento e prestar assistência humanitária aos imigrantes. A implementação do acordo sofreu retrocessos nos anos seguintes. Em outubro deste ano, o MPF voltou a cobrar na Justiça a aplicação de multas contra a União, o estado do Pará, o município de Belém e a Fundação Papa João XXIII (Funpapa) pelo descumprimento da decisão que determinou a garantia de abrigo digno à população Warao na capital paraense. 

As lideranças Warao presentes no debate relataram que, desde sua chegada ao Pará, enfrentam mortes, insegurança, dificuldades de acesso a serviços e violações de direitos, o que motivou a criação do Conselho Warao Ojiduna, uma organização estruturada para dialogar com autoridades, articular demandas e fortalecer a proteção comunitária por meio de seus comitês de mulheres, adolescentes, idosos, saúde e educação.

Avanços – Apesar dos desafios ainda enfrentados, os participantes destacaram alguns avanços obtidos na proteção dos migrantes, como a reativação dos postos humanizados de atendimento no aeroporto e o fortalecimento da Rede Migra-Ação. Formada por coletivos de migrantes, organizações da sociedade civil, instituições acadêmicas e órgãos públicos, como o MPF, a rede tem o objetivo de prestar apoio e garantir o acolhimento dessas pessoas no Brasil. 

O trabalho de articulação feito pela rede impulsionou conquistas legislativas no Pará e contribuiu para que o governo estadual regulamentasse, na última semana, a Política Estadual para Migrantes, Solicitantes de Refúgio, Refugiados e Apátridas (Decreto nº 5.045/2025). O decreto cria oficialmente o Conselho Estadual voltado à proteção dessas pessoas e estabelece diretrizes claras para o acesso à documentação, educação, saúde e atendimento especializado.

Segundo o procurador Sadi Machado, nos próximos dias, o MPF deve assinar um termo de cooperação com a Rede Migra-Ação, para garantir direitos e ampliar a presença de migrantes nos espaços de decisão.

Os representantes da OAB em Ananindeua Samuel Medeiros e Marília Marques também destacaram os avanços no atendimento jurídico voltado aos migrantes, incluindo apoio direto a haitianos, venezuelanos e outras nacionalidades. Além disso, foram apresentadas no debate práticas inovadoras conduzidas por universidades, como núcleos de atendimento jurídico que oferecem orientação a centenas de migrantes, inclusive à distância, sobre acesso a documentos, procedimentos de refúgio, regularização e demandas de trabalho.

Ministério Público Federal no Pará
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Fonte MPF