Ministério Público Federal participa de evento no MPT em Campina Grande (PB) sobre conscientização e enfrentamento — Procuradoria da República na Paraíba

Câncer de mama: Ministério Público Federal participa de evento no MPT em Campina Grande (PB) sobre conscientização e enfrentamento

Procuradoras regional da República e dos Direitos do Cidadão representaram o MPF no evento

O Ministério Público Federal (MPF) participou, na última quarta-feira (15), de evento no Ministério Público do Trabalho (MPT) em Campina Grande (PB) sobre conscientização e enfrentamento acerca do câncer de mama. A iniciativa teve apoio da Organização Não Governamental (ONG) Mulheres de Peito, que tem como presidente a mastologista Cristiane Araújo, e contou com a participação de cidadãs dos municípios paraibanos de Soledade, Esperança, Serra Branca, Queimadas, Lagoa Seca, Boa Vista e Massaranduba, algumas delas com diagnóstico da doença.

Para 2025, a estimativa para a Paraíba é de 1.180 novos casos de câncer de mama e 73.610 no Brasil, conforme projeções do Instituto Nacional de Câncer (Inca). Em 2023, a doença causou a morte de 20.165 mulheres no país. Na Paraíba, em 2024, foram registrados 353 óbitos.

Conscientização o ano todo – A procuradora regional dos Direitos do Cidadão da Paraíba, Janaina Andrade, que participou da mesa de abertura, destacou que a campanha Outubro Rosa precisa ser lembrada durante todo o ano. Ela alertou que, de acordo com a Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), o autoexame das mamas deixou de ser recomendado em países desenvolvidos há mais de 10 anos, por não ser capaz de identificar tumores menores que um centímetro, vistos somente por meio exame de imagem (mamografia). A representante do MPF destacou que os dados atuais apontam para o crescente número de mulheres abaixo de 40 anos em tratamento.

“Neste contexto, o MPF, por meio da Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão na Paraíba, instaurou, no primeiro quadrimestre do ano, procedimento com base em representação da classe médica para acompanhar as discussões acerca da redução da idade na rede pública de saúde para realização da mamografia. O exame é de suma importância, já que a detecção precoce e prevenção primária (hábitos alimentares saudáveis, atividade física etc.) contribuem para a redução da incidência e da mortalidade”, ressaltou.

A procuradora afirmou ainda que de acordo com estudos, quando tratados adequadamente e em tempo oportuno, os casos apresentam bom prognóstico, inclusive com melhores resultados estéticos. “O câncer de mama tem impacto em vários aspectos não apenas na saúde, mas social e econômico. No recorte trabalhista, há pesquisas apontando que em 2022 houve prejuízo de cerca de R$ 7 bilhões em produtividade”, acrescentou.

Início do tratamento no SUS – Já a procuradora regional da República, Acácia Suassuna, frisou que “eventos como o de hoje são importantíssimos não só no Outubro Rosa, mas em todo o ano, para alertar a todas as mulheres sobre a importância da detecção e prevenção do câncer de mama”. Ela lembrou que o Sistema Único de Saúde (SUS) tem a obrigação legal de iniciar o tratamento de câncer em até 60 dias, contados da data do diagnóstico em laudo patológico.

O procurador do Trabalho Marcos Almeida destacou que o encontro foi muito relevante, sendo uma grande oportunidade para conscientização sobre a importância da detecção precoce e do tratamento do câncer de mama, que acomete inúmeras trabalhadoras. “Além disso, permitiu levar informações valiosas sobre a garantia de direitos e a necessidade de se promover a igualdade e a cidadania nos ambientes de trabalho”, afirmou.

A promotora Adriana Amorim enfatizou que o evento teve grande importância para marcar o mês de conscientização e o incentivo ao autocuidado com a saúde da mulher. “O evento contou com a palestra da Ong Mulheres de Peito, que ressaltou a relevância da prevenção do câncer de mama, destacando que o diagnóstico precoce é fundamental para aumentar as chances de cura. Além disso, o encontro mobilizou servidores e a comunidade para a adoção de práticas preventivas. Ressalte-se que o Ministério Público exerce acompanhamento constante na execução das políticas públicas voltadas à saúde feminina, reafirmando seu compromisso institucional com a promoção da saúde e a proteção dos direitos das mulheres”, disse a representante do MPPB.

Mamografia a partir dos 40 –  A mastologista Cristiane Araújo adverte que é imprescindível que as mulheres a partir dos 40 anos realizem anualmente a mamografia, o exame mais eficaz para o diagnóstico precoce. Alerta ainda que nas pacientes com altos riscos, os exames de rastreamento iniciam antes dos 40 anos. “Além disso, é preciso realizar check-ups anuais para verificar diferentes aspectos da saúde da paciente”, orientou.

A poetisa Anne Karolynne, que fez o cerimonial do evento, destacou em uma de suas falas um poema de sua autoria:

O câncer chega sem hora
Silencioso, disfarçado
Mas se cedo é diagnosticado
O cuidado se aflora
A fé renasce e melhora
Quando o amor é aliado
O medo é ressignificado
Pois coragem prevalece
Nenhuma mulher merece
Ter seu direito negado

Confira vídeo com mais imagens do evento (crédito: Ascom MPF)