Memorial da PR-RJ celebra resiliência do Quilombo da Marambaia em exposição inédita — Procuradoria da República no Rio de Janeiro

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Direitos do Cidadão

16 de Agosto de 2024 às 14h55

Memorial da PR-RJ celebra resiliência do Quilombo da Marambaia em exposição inédita

Visitação gratuita é aberta ao público de segunda a sexta, das 12h às 17h, na sede do MPF no Rio

Foto mostra uma pessoa fotografando uma obra da exposição. Na imagem uma mulher quilombola está dançando agitando uma saia colorida


Arte: Comunicação/MPF

Em um evento emocionante que reuniu cerca de 200 pessoas, o Memorial da Procuradoria da República no Rio de Janeiro (PR-RJ) lançou, na última quarta-feira (14), a exposição “Quilombo da Marambaia: do ‘ficar bom’ ao ‘ficar bem’”. A mostra, que ficará aberta ao público até fevereiro de 2025, traz à tona a rica história e a resistência do Quilombo da Marambaia, localizado em Mangaratiba, no sul fluminense.

A cerimônia de abertura foi marcada por uma apresentação vibrante da roda de jongo, uma dança afro-brasileira que encantou a todos. Vania Guerra, uma das líderes quilombolas, fez uma declaração poderosa. “Diziam que nós somos herança de Zumbi [dos Palmares], mas nós somos a continuação dele”. Suas palavras ecoaram a luta contínua da comunidade pela preservação de sua cultura e território.

A exposição é a segunda organizada pelo memorial, que abriu suas portas no ano passado com a mostra “Justiça de Transição não é transação: a brutalidade é o jardim”. Com curadoria de Fabiana Schneider, procuradora da República, e a participação de Emanuel M.M. de Castro, Vania Guerra e Jaqueline Alves, a nova exposição não só destaca a cultura do quilombo, mas também ilumina as adversidades enfrentadas pelos povos tradicionais no Brasil. “Nosso objetivo é proporcionar ao visitante uma experiência multifacetada”, explicou Schneider. “Entrando no memorial, você é saudado por murais feitos pela artista Júlia Aumüller e pelo coletivo de mulheres terceirizadas da procuradoria, que retratam a flor símbolo dos abolicionistas, a camélia. Além disso, um corredor de fotografias apresenta dois lados da história: a vibrante cultura da Marambaia e a resistência que enfrentaram ao longo dos anos”, detalha. 

A exposição também reflete a significativa conquista do Quilombo da Marambaia com o Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), assinado em 2014. O acordo permitiu a regularização do território da comunidade, após décadas de disputas com a Marinha. Esta vitória foi um divisor de águas para a comunidade, que finalmente obteve o título definitivo de sua terra em 2015.
A advogada Aline Caldeira Lopes, que assessorou os quilombolas durante a negociação do TAC, ressaltou o caráter simbólico da exposição. “É fundamental que o Estado reconheça e peça desculpas publicamente pela importância do território para a cultura afro-brasileira. Esta exposição celebra a resistência e a importância do Quilombo da Marambaia para nossa história”, afirmou.
O procurador-chefe da PR-RJ, Sérgio Pinel, destacou a missão do memorial: “A exposição nos ensina que não se trata apenas de contar uma história, mas de refletir sobre a evolução das instituições e a capacidade de transformação. A história do Quilombo da Marambaia é um exemplo de resistência e resiliência, e esperamos que essa exposição inspire outras lutas por justiça”.
A Marinha também esteve representada no evento pelo comandante Jorge Luis Coelho, que elogiou o TAC como um exemplo de sucesso em alinhar os interesses da comunidade e das autoridades, servindo como um modelo para resolver conflitos semelhantes no futuro.
Também estiveram presentes no evento os advogados e ex-membros do MPF, Daniel Sarmento e Deborah Duprat, além do antropólogo José Maurício Arruti, responsável pelo laudo que embasou a atuação ministerial e contribuiu para a construção do acordo.

No evento, Débora Duprat destacou a importância de preservar espaços históricos para a memória coletiva e a luta contínua pela regularização fundiária, prevendo uma longa jornada para resolver pendências atuais. Daniel Sarmento revisitou a batalha legal pela titularidade das terras ocupadas por comunidades quilombolas, começando em 2002, em resposta as ações de reintegração movidas pela Advocacia-Geral da União (AGU) e a Marinha, e a complexidade das mudanças legislativas e judiciais enfrentadas.

O professor José Maurício Arruti relatou o impacto do Censo de 2022, revelando que as comunidades quilombolas, agora com quase 6 mil registros, desempenham um papel crucial na discussão sobre mudanças climáticas. Para ele, o TAC simbolizou uma nova fase de diálogo e resolução entre as partes envolvidas, marcando um avanço significativo na luta pelos direitos dessas comunidades.
Exposição – A exposição traz ainda um espaço paisagístico projetado pelo Sítio Roberto Burle Marx, oportunidade para o público explorar a rica herança do Quilombo da Marambaia e compreender a importância da luta por direitos e justiça social. Com visitas gratuitas de segunda a sexta-feira, das 12h às 17h, a exposição promete ser um ponto de reflexão e celebração para todos.

Artistas participantes: 

Roberto Burle Marx

Rubem Valentim

Jaime Lauriano

Kika Carvalho

Marcelo Conceição

Márcio Pimenta

Moisés Patrício

Júlia Aumüller e coletivo de mulheres da PRRJ
Eduardo Carvalhal (servidor do MPF)

Iane Lima (quilombola)

Nelson Firmo (quilombola)

Glória Machado (quilombola)

Serviço

Exposição “Quilombo da Marambaia: do ‘ficar bom’ ao ‘ficar bem’”

Data: 14 de agosto de 2024 a fevereiro de 2025

Local: Memorial da PR/RJ

Endereço: Av. Nilo Peçanha, 31, Centro – Rio de Janeiro

Entrada gratuita

Confira aqui a galeria de fotos do evento

Assessoria de Comunicação Social
Procuradoria da República no Rio de Janeiro
twitter.com/MPF_PRRJ
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Fonte MPF