Justiça levanta sigilo de documentos sobre fraude milionária na Unimed Cuiabá — Ministério Público Federal em Mato Grosso

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Criminal

24 de Julho de 2025 às 12h15

Operação Bilanz: Justiça levanta sigilo de documentos sobre fraude milionária na Unimed Cuiabá

Esquema de ex-dirigentes fraudou mais de R$ 400 milhões; estelionato, lavagem de dinheiro e organização criminosa seguem em apuração

Foto mostra várias notas de dinheiro em real, de diferentes valores, espalhadas de forma irregular sobre uma superfície. Sobre as notas, há um estetoscópio vermelho


Foto ilustrativa: Canva

A Justiça Federal determinou o levantamento do sigilo de documentos de processos relacionados à Operação Bilanz, que investiga um esquema de ocultação de passivos financeiros e pagamentos suspeitos na gestão da Unimed Cuiabá entre 2019 e 2023. A decisão, proferida em 10 de julho de 2025, permite a divulgação dos detalhes das investigações conduzidas pelo Ministério Público Federal (MPF) e pela Polícia Federal (PF). 

Segundo os documentos que agora estão públicos, a investigação aponta que a gestão da cooperativa teria omitido cerca de R$ 400,7 milhões em passivos, mascarando a real situação financeira da empresa. Além disso, foram identificados pagamentos suspeitos a empresas possivelmente com o intuito de simular a prestação de serviços à Unimed Cuiabá.

Essas ações distorceram a realidade econômico-financeira da Unimed Cuiabá, dificultando e obstruindo a fiscalização da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) quanto aos parâmetros regulatórios mínimos de liquidez e solvência da operadora, além de ocultar desvios patrimoniais.

Os ex-dirigentes da entidade são investigados por 51 condutas criminosas em 6 espécies de crimes diferentes: 7 crimes de falsidade ideológica; 38 estelionatos por simulação contratual; 1 estelionato por simulação de comissão envolvendo a empresa Arché Negócios; 1 estelionato por superfaturamento e aditivos irregulares envolvendo o grupo H. Bento; 1 crime contra a economia popular; 1 um crime de patrocínio simultâneo; um crime de lavagem de capitais de forma reiterada; e um crime de organização criminosa.

Em agosto de 2024, o MPF apresentou denúncia à Justiça Federal em que os ex-dirigentes são acusados pelos crimes de falsidade ideológica e uso de documento falso, previstos nos artigos 299 e 304 do Código Penal. Na ação penal, o MPF apontou que os denunciados produziram e apresentaram à ANS informações econômico-financeiras com graves irregularidades em sete ocasiões distintas, entre setembro de 2022 e março de 2023. Isso incluiu tanto a apresentação de Documento de Informações Econômico-Financeiras das Operadoras de Planos de Saúde (Diops) quanto ofícios posteriores, que buscavam justificar omissões ou inserções de informações relevantes. A ação segue tramitando na Justiça.

Os demais crimes seguem sob investigação.

Acordo de leniência – A investigação foi instaurada a partir de uma notícia-crime formulada pela própria Unimed Cuiabá, em 31 de julho de 2023, demonstrando a colaboração da atual gestão da entidade com as autoridades.

Em abril de 2024, a Unimed Cuiabá firmou acordo de leniência com o MPF e forneceu elementos essenciais para as investigações contra ex-diretores e funcionários por possível envolvimento em fraudes e irregularidades contábeis em seu balanço.

Pelo acordo, a entidade se comprometeu a pagar multa de R$ 412.224,70 ao Fundo de Direitos Difusos e Coletivos, a implementar um programa de compliance de padrão internacional e a cooperar plenamente com as autoridades, inclusive com investigações internas.

Operação Bilanz – A operação, deflagrada em outubro de 2024, cumpriu mandados de busca e apreensão e resultou inicialmente na prisão temporária de investigados, medida posteriormente revogada pela Justiça. Os relatórios da PF e do MPF indicam que os atos ilícitos tinham como objetivo preservar artificialmente indicadores financeiros da cooperativa, o que pode ter prejudicado cooperados, credores e usuários do sistema de saúde.

Com o fim do sigilo, os detalhes das decisões judiciais e dos relatórios financeiros passam a ser acessíveis, ampliando a transparência sobre os desdobramentos da investigação. O MPF continua atuando para o ressarcimento dos valores e para a responsabilização civil e criminal dos envolvidos.

Documentos do processo:

Pedido do MPF

Decisões judiciais sobre pedidos de busca e apreensão

Assessoria de Comunicação
Ministério Público Federal
Procuradoria da República em Mato Grosso
saj.mpf.mp.br
(65) 3612-5133

Fonte MPF