Indígenas Warao se reúnem com o MPF em Belém (PA) para traçar estratégias sobre a defesa da autonomia da etnia refugiada no Brasil — Procuradoria da República no Pará

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Indígenas

11 de Dezembro de 2024 às 17h3

Indígenas Warao se reúnem com o MPF em Belém (PA) para traçar estratégias sobre a defesa da autonomia da etnia refugiada no Brasil

Diálogo foi realizado nesta terça-feira (10), com o apoio do IEB e Acnur

Foto em formato retangular de um grupo de pessoas posando juntas em um auditório com piso e paredes em madeira. No centro, um homem ajoelhado usa uma camisa azul com um cocar indígena na cabeça. Os demais estão de pé, organizados em duas fileiras, vestindo roupas variadas. Há homens, mulheres e crianças, e ao fundo uma tela com uma projeção.


Foto: Comunicação/MPF

Indígenas Warao integrantes do Conselho Warao Ojiduna (CWO) reuniram-se na sede do Ministério Público Federal (MPF) em Belém (PA), nesta terça-feira (10), para traçar estratégias de defesa da autonomia da etnia refugiada no Brasil, incluindo maneiras de reforçar o cumprimento de seus direitos enquanto povos indígenas, entre eles o respeito à Consulta Prévia, Livre e Informada (CPLI), prevista na Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT).

Como resultado dos debates, as lideranças decidiram elaborar um manifesto para reforçar o posicionamento do CWO como representante dos Warao e, em procedimentos de CPLI, entidade articuladora das famílias Warao vinculadas ao conselho. O CWO, portanto, deve ser respeitado pelos governos e outros atores interessados, e contatado para qualquer iniciativa, projeto, pesquisa ou outras medidas que o Poder Público ou outros interessados pretendam realizar que impactem o povo Warao, reforçaram as lideranças.

O manifesto também exige que consultas com os Warao sejam sempre realizadas respeitando o Protocolo de Consulta Prévia, Livre e Informada (PCPLI) Warao. “Hoje falamos sobre o Protocolo de Consulta Prévia, e para mim foi importante porque, quando o protocolo foi criado, não tínhamos o Conselho e por isso estamos falando sobre esse tema importante, já que o Conselho Warao Ojiduna tem o objetivo de fazer a articulação entre diferentes comunidades, com diferentes representantes de cada comunidade Warao”, explica a coordenadora do CWO, Mariluz Mariano.

Além de integrantes de várias secretarias do CWO, participaram da reunião desta terça-feira representantes de duas organizações da rede de apoio aos Warao: o Instituto Internacional de Educação do Brasil (IEB) e da Agência da Organização das Nações Unidas para Refugiados (Acnur). 

Sobre o PCPLI  – “Queremos aprender, conhecer, ser melhores, sem perder nossa identidade, queremos um futuro melhor. Seguir em frente (Kuarika Naruki!) É o nosso direito! Assim como foi para os nossos ancestrais”, diz trecho do PCPLI Warao, publicado on-line em versão texto em julho de 2020. Em abril de 2021, o PCPLI ganhou versão em vídeo, também disponível on-line.

O PCPLI é resultado de reuniões ocorridas em 2018 em Belém. Centenas de indígenas Warao puderam ser ouvidos por instituições de estado ligadas à justiça, segurança pública, assistência social e educação, além de entidades da sociedade civil organizada.

O documento autodeclaratório, lido minuciosamente e aprovado pelo conselho de lideranças e representantes Warao em 14 de agosto de 2019 em assembleia na sede do MPF em Belém, tem força de lei e serve para o Estado brasileiro saber como dialogar com o povo Warao, com o intuito de produzir conjuntamente com o povo indígena políticas públicas para um atendimento humanitário diferenciado e específico para esse povo, que está em processo migratório no Brasil.

Sobre o CWO – Criado em agosto de 2022 e fruto de articulação promovida e incentivada pelo MPF para que os indígenas Warao elaborassem o PCPLI, o CWO é uma das primeiras organizações de indígenas refugiados no Brasil, tem sido porta-voz das comunidades no diálogo com órgãos governamentais, Justiça e movimentos sociais na busca de que o Estado brasileiro os reconheça enquanto população indígena para que passem a acessar direitos básicos e políticas públicas específicas de educação, saúde, trabalho e moradia.

Procurador-chefe do MPF no Pará e titular de um dos ofícios do Núcleo Povos da Floresta do Campo e das Águas (Nupovos) da instituição, Felipe de Moura Palha relembra que em 2017, quando os Warao chegaram ao Pará, foi necessário o esforço do MPF para reunir e sensibilizar uma rede de órgãos públicos municipais, do estado e da União para desenvolver ações emergenciais de assistência social.

Em seguida, a mobilização promovida pelo MPF buscou incentivar os Warao a elaborar o PCPLI e também foi a semente para a constituição do Conselho Warao. Com a constituição do Conselho, os Warao passaram a interagir com mais autonomia com os órgãos governamentais e participar de fóruns de discussões de políticas públicas e direitos sociais.

Em 2024, o CWO lançou o Plano de Ação Obonoya Kotai Saba, documento que reúne uma série de demandas estruturais — de curto, médio e longo prazo — para que os Warao tenham acesso a melhores condições de vida. Ferramenta de autogestão do Conselho para orientar suas ações dentro e fora das comunidades, o plano também orienta o diálogo com a sociedade civil e os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário.

 

Com informações do IEB

 

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Fonte MPF