Estudantes indígenas da etnia Warao conhecem a sede da Procuradoria-Geral da República — Procuradoria-Geral da República

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Indígenas

10 de Junho de 2024 às 15h10

Estudantes indígenas da etnia Warao conhecem a sede da Procuradoria-Geral da República

Crianças e adolescentes refugiadas da Venezuela participaram de visita guiada ao Memorial MPF

Fotografia de um grupo grande de estudantes indígenas da etnia Warao, de frante para a câmera, reunidos em um gramado situado em frente ao edifício-sede da Procuradoria Geral da República (PGR), que está ao fundo.


Visita de estudantes indígenas da etnia Warao à sede da PGR, em 06/06/2024. Foto: Antônio Augusto – Secom/PGR

Na quinta-feira (6), crianças e adolescentes da etnia Warao Coromoto visitaram a sede da Procuradoria-Geral da República (PGR). O grupo formado por 33 estudantes, com idades entre 4 e 18 anos, participou de atividades educativas e de entretenimento sobre o Ministério Público e conheceu a exposição “Indígenas, no plural”, no Memorial MPF.

Os indígenas, estudantes da rede pública do Distrito Federal desde o ano passado, estão entre os cerca de 125 mil migrantes e refugiados da Venezuela que passaram a viver no Brasil por conta da crise política e econômica em seu país de origem. A comunidade chegou ao Brasil em 2019 e, desde o ano passado, estão matriculadas na Escola Classe Café Sem Troco, no Paranoá (DF). No total, são mais de 50 estudantes na comunidade. Outras 30 crianças e adolescentes indígenas estudam na Escola Classe Morro da Cruz, em São Sebastião (DF), e visitaram a PGR em maio.

Durante a visita guiada, os indígenas aprenderam mais sobre o Ministério Público e o papel das instituições na defesa da democracia, das leis e dos direitos dos cidadãos. Eles também assistiram a animações da Turminha do MPF, que apresentaram histórias curtas e explicativas sobre as áreas de atuação da instituição, com linguagem lúdica e didática. Temas como meio ambiente, acessibilidade, corrupção e eleições foram abordados nos vídeos. “A maioria deles não consegue entender ainda a dimensão dos seus direitos e deveres. O vídeo apresentado sobre esse tema foi incrível. Estamos encantados com a visita”, destacou a professora Maria Janerrandra Fogaça.

Agora, a experiência e os temas abordados serão trabalhados em sala de aula. “É muito importante que eles saibam que não é um favor o que estamos fazendo, mas uma obrigação. Eles têm direito à educação, saúde, alimentação. Isso faz uma diferença incrível”, reforçou a professora. Divididos em dois grupos, as crianças e adolescentes ouviram curiosidades sobre a construção da PGR, a história da instituição e de seus integrantes, além de se divertirem com jogos interativos. Ao final, os estudantes lancharam, fizeram desenhos e receberam edições do Almanaque da Turminha do MPF.

Escola bilíngue – Ao acompanhar a visita, a diretora Sheyla Passos ressaltou que uma das dificuldades para o acolhimento dos estudantes é a diversidade cultural e de idiomas. A língua portuguesa era novidade para o povo indígena, enquanto o espanhol e a língua materna warao eram desconhecidas pelos estudantes brasileiros. “Para facilitar esse processo de acolhimento, todos os nossos alunos têm aulas de espanhol e de warao todos os dias. As aulas são ministradas pelos próprios indígenas”, afirmou a diretora. A escola possui ainda uma estudante indígena com deficiência auditiva. Por isso, duas turmas agora também recebem aulas de Libras: “É imprescindível que não só ela aprenda Libras, mas que ela possa se comunicar com todos”.

A diretora informou que foi aberto pedido para que a escola seja reconhecida como instituição bilíngue. “Existem outras escolas bilíngues na rede pública do DF, mas todas são vinculadas a Embaixadas. O nosso processo começou de uma forma diferente. Foi a nossa realidade que fez com que a nossa escola precisasse trabalhar com mais de um idioma”, pontuou.

Para contribuir com a troca cultural, a escola conta com quatro educadores sociais voluntários da própria etnia que atuam como intérpretes nas salas de aula. Um deles é Reimer, de 24 anos. “Para mim, é muito bom. Eu aprendo português enquanto eles aprendem espanhol e warao”. No Brasil há cinco anos, ele destaca o acolhimento que recebeu na escola: “Gosto da companhia de todos, todos me tratam bem e são boas pessoas. Nos divertimos como uma família”.

Indígenas nas escolas – Representando a Secretaria de Educação do Distrito Federal (SEEDF), a diretora de Serviços de Apoio À Aprendizagem, Direitos Humanos e Diversidade, Patrícia Melo, elogiou o trabalho desenvolvido pela escola e celebrou resultados. “O acolhimento foi muito eficaz, tanto para o desenvolvimento cognitivo quanto para a socialização dessas crianças e adolescentes. Eles interagem com toda a comunidade e compartilham sua cultura com os demais colegas”, afirmou.

Ela enfatizou ainda a importância do respeito e do reforço às culturas. “Não podemos impor a nossa cultura. Nosso objetivo sempre foi o de fazer um acolhimento culturalmente sensível, porque a escola é um ambiente intercultural, onde as línguas e a cultura se relacionam de forma muito paritária. Não existe uma cultura mais importante do que a outra. Por isso, buscamos fazer com que a escola seja um ambiente acolhedor para todos os estudantes”, ressaltou a diretora.

 

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Fonte MPF