Desafios na garantia à territorialidade dos povos indígenas e comunidades tradicionais é tema de evento do MPF — Procuradoria-Geral da República

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Comunidades Tradicionais

5 de Dezembro de 2024 às 15h28

Desafios na garantia à territorialidade dos povos indígenas e comunidades tradicionais é tema de evento do MPF

Tema está na pauta do encontro de membros que atuam na temática da Câmara de Populações Indígenas e Comunidades Tradicionais

A imagem mostra cinco pessoas sentadas atrás de uma mesa retangular coberta com uma toalha azul escura, participando de um evento formal. Todos estão com microfones à frente, indicando que estão falando ou prontos para fazê-lo.

Da esquerda para a direita:

Um homem vestindo terno e gravata, sentado em posição ereta.
Uma mulher com cabelos castanhos, usando uma blusa estampada, sentada ao lado do primeiro homem.
Uma mulher loira de cabelos curtos, usando roupa preta, gesticulando com as mãos enquanto fala.
Um homem calvo de óculos, vestindo terno e gravata, com uma expressão séria.
Uma mulher de cabelos curtos e castanhos, vestindo uma blusa verde, com as mãos apoiadas na mesa. Atrás deles, há uma cortina branca que cobre todo o fundo. Na mesa, há placas com os nomes e funções dos participantes, indicando que se trata de um evento oficial ou institucional. O ambiente é bem iluminado e aparenta ser um espaço interno formal.


Foto: Leobark/Comunicação MPF

Com o foco no debate sobre territorialidade e políticas públicas, começou nessa quarta-feira (4) o Encontro Nacional da Câmara de Populações Indígenas e Comunidades Tradicionais do Ministério Público Federal (6CCR/MPF), em Brasília. O evento reúne, até a próxima sexta-feira (6), procuradores, procuradoras, acadêmicos, e representantes de organizações que atuam em prol dos povos tradicionais, com o intuito de ampliar a discussão sobre políticas públicas e novos desafios a serem enfrentados na garantia da territorialidade dos indígenas, quilombolas e todos os outros povos e comunidades tradicionais brasileiras.

À frente da 6ª CCR, a subprocuradora-geral da República Eliana Torelly, alertou para a crescente complexidade dos obstáculos que o órgão enfrenta na proteção das comunidades tradicionais e povos indígenas em todas as instâncias da Justiça brasileira. “Temos que intensificar a interação entre os colegas de primeiro e segundo grau para garantir que a voz da 6ª Câmara seja ouvida e valorizada. Só assim conseguiremos enfrentar as adversidades e continuar cumprindo nossa missão constitucional”, pontuou. O crescimento da violência contra os povos indígenas, as omissões do Estado na criação de políticas públicas voltadas paras as comunidades tradicionais, retrocessos como a tese do marco temporal são alguns desses obstáculos.

Na abertura do encontro nacional, os membros que atuam na 6CCR, além dos representantes de órgãos e organizações indigenistas reforçaram a importância do reconhecimento do direito à territorialidade dos povos tradicionais para a subsistência e manutenção da sua cultural milenar. Segundo a subprocuradora-geral da República e membro titular da Câmara, Ana Borges, “é preciso compreender a territorialidade como uma dimensão intrínseca ao ser dos povos originários e comunidades tradicionais”, para a preservação dos seus modos de vida e efetivação do direito à terra, à qualidade de vida e ao respeito com o contexto cultural de cada um deles.

Também membro titular, o subprocurador-geral da República Luciano Maia, afirmou que acredita na nova geração de procuradores e procuradoras do MPF para enfrentar os desafios que se intensificam com retrocessos políticos e jurídicos, crise migratória e emergências climáticas. “O reconhecimento tardio de terras já é um grande obstáculo, mas mesmo quando conseguimos garantir esses territórios, a luta não acaba. Temos fé na democracia, na força do Estado de Direito e na capacidade de lutar”, refletiu.

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Integração – A importância da integração entre as áreas temáticas da 6ª e da 4ª Câmara – de Meio Ambiente e Patrimônio Cultural – e a Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão (PFDC) para fortalecer a atuação foi destaque dos discursos da mesa de abertura. O procurador federal dos Direitos do Cidadão, Nicolao Dino, ressaltou o objetivo comum de proteger as populações com maior índice de vulnerabilidade. “Falar de populações vulneráveis significa também reconhecer e atuar em prol dos quilombolas, dos povos tradicionais e de tantas outras comunidades que têm sofrido, seja pela ausência de políticas públicas adequadas, seja pelos impactos negativos decorrentes do atual estado de emergência climática”, pontuou. Para ele, garantir direitos territoriais é assegurar o espaço necessário para a subsistência física e cultural das comunidades tradicionais.

Esse entendimento também foi destacado pela subprocuradora-geral da República e coordenadora da 4a CCR, Luiza Frischeisen, que lembrou como a atuação na área ambiental está intimamente ligada à defesa dos povos tradicionais. Ela explicou que são eles os responsáveis pela manutenção da “floresta em pé” e da preservação ambiental, o que também justifica voltar os esforços a projetos de reconhecimento dos territórios. “É crucial redefinirmos estratégias de territorialidade, assumindo a questão da posse desses territórios como algo que vai além da visão restrita e excludente da propriedade. Precisamos avançar no reconhecimento dessas terras e de sua importância para o meio ambiente e para as comunidades que as preservam”, pontuou.

Programação – Dividido em painéis, o Encontro Nacional aborda temas como os novos desafios à efetivação dos direitos territoriais indígenas, os desafios e oportunidades relacionados à garantia de direitos dos povos e comunidades tradicionais e políticas públicas; proteção social e povos indígenas de recente contato, direitos territoriais quilombolas, políticas públicas para o povo Warao, além de contribuições dos peritos em antropologia para a atuação do MPF. Na sexta-feira (6), último dia de evento, haverá, ainda, uma visita técnica à comunidade do Quilombo Mesquita, localizada na Cidade Ocidental (GO), há 50 km da capital federal.

foto6ª Câmara – Responsável pelas pautas relacionadas à garantia de direitos dos grupos de pessoas que possuem cultura diferente da maioria da população e se organizam de forma própria, a 6ª Câmara de Coordenação e Revisão tem como principal desafio assegurar a pluralidade do Estado brasileiro na perspectiva étnica e cultural a salvaguarda das prerrogativas constitucionais dessas populações. O foco do trabalho dos procuradores e procuradores que atuam nessa temática está, especialmente, no reconhecimento da territorialidade como um direito essencial e canalizador de outros direitos como saúde e educação.  

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Fonte MPF