Comunidades Tradicionais
19 de Novembro de 2024 às 14h50
Catrapoa e Catrapovos são destaques em e-book sobre alimentação saudável
Comissões do MPF ganharam capítulo na obra após serem selecionadas em prêmio da Organização Pan-Americana da Saúde
Arte: Comunicação/MPF
A Comissão de Alimentos Tradicionais dos Povos no Amazonas (Catrapoa) e a Mesa de Diálogo Permanente Catrapovos Brasil ganharam um capítulo na obra Série Conhecimento em Movimento: Laboratório de Inovação em Alimentação e Nutrição na Atenção Primária à Saúde, publicada pela editora Rede Unida.
As comissões foram selecionadas entre as dez experiências premiadas pelo Laboratório de Inovação em Alimentação e Nutrição na Atenção Primária à Saúde, iniciativa da Organização Pan-Americana da Saúde, vinculada à Organização Mundial da Saúde (Opas/OMS), em parceria com o Governo Federal.
O livro apresenta experiências que foram consideradas inovadoras e identificadas a partir de um amplo e participativo processo de mapeamento de ações de alimentação e nutrição na atenção primária à saúde. Os trabalhos, histórias e resultados da Catrapoa e Catrapovos são detalhados no capítulo nove, na página 151, no eixo sobre segurança alimentar e nutricional no território.
O procurador da República e coordenador das comissões, Fernando Merloto Soave, destacou a importância do trabalho do MPF na obra. “Penso que é importante o máximo de atores e espaços diversos conhecerem e entenderem a relevância da agricultura familiar, em especial dos povos indígenas e comunidades tradicionais, na solução de inúmeros problemas hoje existentes na Amazônia e no Brasil. Problemas nas áreas da saúde, segurança nos territórios, alimentação saudável, crise climática podem ser melhorados com as iniciativas”, disse.
Catrapovos e Catrapoa
A Mesa de Diálogo Permanente Catrapovos Brasil foi instituída pela Câmara de Populações Indígenas e Comunidades Tradicionais do MPF (6CCR) em 2021, para fomentar a adoção da alimentação tradicional em escolas indígenas, quilombolas e de comunidades ribeirinhas, extrativistas, caiçaras, entre outras, em todo o país.
A comissão atua para replicar em todo o país a boa prática desenvolvida pela Catrapoa. Com os diálogos iniciais a partir de 2016, a comissão resulta da articulação entre instituições dos governos federal, estadual e municipal, movimentos e lideranças indígenas, de comunidades tradicionais e organizações da sociedade civil.
O trabalho começou com uma visita do MPF à Terra Indígena Yanomami, que constatou que a alimentação escolar oferecida aos indígenas era escassa, inadequada e descontextualizada, com muitos itens industrializados e enlatados, sem qualquer relação com a produção local e com a cultura da comunidade.
O fornecimento desses alimentos para escolas indígenas e tradicionais gera custos altos para o governo, que gasta mais com o transporte e armazenagem do que com a aquisição dos itens, segundo apurou o MPF. Sem contar os problemas administrativos, por conta das longas distâncias, dificuldades de transporte e de aquisição, muitas vezes produtos chegam às aldeias vencidos ou falta comida nas escolas. Alimentos cancerígenos, como salsicha, enlatados e conservas, também chegam nas escolas. Enquanto isso, a produção local tradicional deixava de ser aproveitada na alimentação escolar.
Fonte MPF