Atuação do MPF, MP/AL e DPE busca fortalecer atendimento especializado a pessoas trans em Alagoas — Procuradoria da República em Alagoas

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Direitos do Cidadão

23 de Janeiro de 2025 às 18h5

Atuação do MPF, MP/AL e DPE busca fortalecer atendimento especializado a pessoas trans em Alagoas

Iniciativa busca ampliar e qualificar serviços de saúde para a população trans e em processo de transexualização no estado

arte de divulgação do MPF


Arte: Comunicação MPF

Nesta quinta-feira (23), membros do Ministério Público Federal e do Ministério Público do Estado de Alagoas visitaram o ambulatório Espaço Trans, do Hospital Universitário Professor Alberto Antunes (HU), e a Clínica da Família Dr. João Fireman, localizado no bairro Jacintinho, onde avaliaram os serviços especializados em redesignação de sexo em Alagoas. As unidades de saúde são referência no atendimento a pessoas trans, proporcionando suporte multidisciplinar essencial para a qualidade de vida e bem-estar dessa população.

O procurador da República Bruno Lamenha, procurador regional dos direitos do cidadão em Alagoas, e a promotora de Justiça Alexandra Beurlen, da Promotoria de Justiça de Defesa dos Direitos Humanos, coordenaram as visitas. A ação integra as iniciativas conduzidas pelo MPF, MP/AL e pela Defensoria Pública do Estado de Alagoas (DPE/AL) para fortalecer a proteção dos direitos das pessoas transsexuais no estado.

Saúde Trans Saúde Trans Saúde Trans

O Espaço Trans, inaugurado em dezembro de 2019, oferece atendimento especializado em redesignação de sexo e suporte psicossocial à população trans. Apesar de seu papel essencial, o ambulatório enfrenta desafios. Atualmente, não há credenciamento junto ao Ministério da Saúde, o que impede melhorias estruturais, ampliação dos serviços e acesso ao financiamento federal. Além disso, a equipe mínima preconizada para o funcionamento adequado é de 12 profissionais, enquanto o ambulatório conta apenas com cinco, todos divididos com outros setores do HU.

Atualmente, o Espaço Trans atende 142 pacientes em acompanhamento, funcionando somente às terças, quintas e sextas pela manhã, em horários predefinidos e limitados. Já a Clínica da Família, uma unidade de saúde do estado, possui 348 pacientes cadastrados e opera às segundas e quartas-feiras no período da tarde. Essa restrição de horários compromete a capacidade de atendimento e sublinha a necessidade de expansão dos serviços.

Saúde Trans Saúde Trans Saúde Trans

Proximidade com a comunidade LGBTQIAPN+ e preocupação com o interior do estado

As inspeções foram realizadas pelo MPF e MP/AL, em parceria com representantes do Instituto Brasileiro de Transmasculinidade (IBRAT) e membros da comunidade LGBTQIAPN+. Durante a visita, foi destacada a ausência de serviços de saúde similares nos municípios do interior de Alagoas, o que limita o acesso da população trans a cuidados especializados. “Se já enfrentamos desafios para a população trans em Maceió, imagine no interior do estado. Esses serviços são essenciais para garantir dignidade e salvar vidas”, pontuou o procurador Bruno Lamenha.

Importância do credenciamento e depoimentos emocionantes

O credenciamento do ambulatório junto ao Ministério da Saúde é considerado fundamental para que o espaço atenda às demandas da população trans em sua totalidade. “A habilitação permitirá a ampliação dos serviços e trará maior visibilidade ao trabalho realizado. É urgente que avancemos para garantir acesso a uma saúde que respeite a identidade de gênero de cada indivíduo”, reforçou a promotora Alexandra Beurlen.

Depoimentos de usuários também evidenciam a importância do Espaço Trans, no HU. Ben Morais, coordenador do IBRAT, declarou: “Se eu não tivesse esse espaço, eu teria me matado. Ele salvou minha vida e precisa salvar outras. As profissionais fazem o máximo com o pouco que têm”.

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Hormonioterapia em vias de implementação

Durante as visitas, foi destacado que a dispensação de hormônios está em vias de ser iniciada no Hospital Universitário e já começou a ser implantada na Clínica da Família. A hormonioterapia é um componente essencial no processo de transição para pacientes transsexualizados, contribuindo significativamente para o bem-estar físico e mental dessa população. Sua implementação nas unidades reforça a importância de um cuidado integral e acessível, permitindo que os pacientes trans tenham pleno acesso ao suporte necessário para viverem com dignidade.

Necessidade de ampliação dos serviços no HU

Saúde Trans

As técnicas de saúde do HU ressaltaram a necessidade urgente de ampliar os serviços oferecidos pelo Espaço Trans. Atualmente, a equipe é composta por apenas cinco profissionais: um psiquiatra, uma psicóloga, uma endocrinologista, uma enfermeira e uma assistente social. A ausência de especialistas como ginecologista, nutricionista e fonoaudiólogo impacta diretamente na qualidade e abrangência do atendimento. “Para oferecer um cuidado verdadeiramente integral, precisamos ampliar a equipe. A inclusão desses profissionais é essencial para atender às demandas específicas da população trans e garantir a continuidade do cuidado com excelência”, destacaram as técnicas.

Para garantir a continuidade e a qualidade do serviço, os Ministérios Público Federal e Estadual reforçam a necessidade de atuação conjunta entre os gestores públicos, universidades e o Ministério da Saúde. Com o credenciamento, espera-se não apenas a manutenção do ambulatório, mas também sua ampliação e consolidação como um modelo de cuidado integral para a população trans no Sistema Único de Saúde (SUS).

Confira imagens cedidas pelas assessorias de comunicação do MP/AL e do MPF.

 

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Fonte MPF