Patrimônio Público
12 de Junho de 2025 às 14h30
Após ação do MPF, Justiça bloqueia recursos que Prefeitura de Monteiro Lobato (SP) recebeu via emenda pix
Liminar congelou R$ 3 milhões; município descumpriu regras para o controle e a fiscalização de quantias repassadas entre 2023 e 2024
Foto: Marcello Casal Jr. / Agência Brasil
A pedido do Ministério Público Federal (MPF), a Justiça Federal bloqueou R$ 3 milhões transferidos à Prefeitura de Monteiro Lobato (SP) por meio de emenda parlamentar individual impositiva sem finalidade definida, a chamada emenda pix. A administração municipal recebeu a quantia nessa modalidade em dezembro de 2024. A decisão liminar pelo congelamento do valor se deve ao descumprimento de regras que asseguram a transparência e a rastreabilidade dos gastos.
A medida deve vigorar até que a prefeitura preste informações detalhadas sobre a destinação não só dos recursos recebidos no ano passado, mas também daqueles oriundos de outra emenda pix, de R$ 1,5 milhão, repassada ao município em 2023. Para isso, os gestores municipais terão que registrar os planos de trabalho detalhados sobre o uso das quantias e fazer a prestação de contas completa das despesas já efetuadas na plataforma Tranferegov.br, que concentra os dados de transferências federais a estados, municípios, consórcios públicos e entidades privadas.
Além disso, a prefeitura só poderá ter acesso novamente ao saldo após incluir as informações pertinentes no Portal Nacional de Contratações Públicas (PNCP) e disponibilizar os dados sobre os recursos no Portal da Transparência de Monteiro Lobato. Essa medida busca possibilitar que a população do município também acompanhe a aplicação das quantias e fiscalize a regularidade das despesas.
Monteiro Lobato recebeu as emendas para obras de uma unidade de pronto atendimento. Durante as apurações, o MPF constatou que parte dos recursos teria sido destinada também à instalação da cobertura de uma quadra esportiva e à construção de uma pista de skate. Questionada, a prefeitura esclareceu algumas pendências, mas deixou de cumprir várias providências obrigatórias para a transparência e a rastreabilidade dos gastos, previstas tanto na Constituição quanto na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO).
As emendas pix e outras modalidades de repasse foram responsáveis pelo aumento desmesurado da participação das transferências legislativas no orçamento público federal nos últimos anos, alcançando R$ 44,6 bilhões em 2024. A cifra representa 20% de todas as despesas discricionárias da União no ano passado. O envio de dinheiro diretamente às contas de entes federados por meio das emendas pix dá margem a diversas irregularidades e dificulta a fiscalização, uma vez que as verbas não estão vinculadas a projetos específicos.
Ação Civil Pública nº 5001915-27.2025.4.03.6103
Ministério Público Federal (MPF)
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Fonte MPF