III Encontro de Bibliotecários da JT debate inovação e o papel humano do saber

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2/9/2025 – O Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região (TRT-7) sediou, nos dias 28 e 29 de agosto, o III Encontro da Rede Bibliotecas da Justiça do Trabalho. O evento, promovido pela Escola Judicial (Ejud-7) em parceria com a Rede de Bibliotecas da Justiça do Trabalho (Rebijutra), reuniu profissionais de todo o país para fomentar o intercâmbio de experiências, promover o fortalecimento das bibliotecas institucionais e discutir boas práticas, inovações e desafios do setor.

A abertura oficial do evento foi marcada pela presença de representantes da Justiça do Trabalho do Ceará. A mesa de honra contou com a participação do corregedor, desembargador João Carlos de Oliveira Uchoa, da desembargadora Regina Gláucia Cavalcante Nepomuceno, gestora regional do Programa Trabalho Seguro, e da diretora-geral do TRT-CE, Neiara São Thiago Cysne Frota, além de outros representantes do judiciário trabalhista.

Programação em destaque 

A grade de palestras e atividades do evento incluiu discussões relevantes para a área. No primeiro dia, o foco esteve na aplicação da Inteligência Artificial em conteúdos jurídicos, com a palestra de Jonathan Rebouças e José César Vieira. Também foram apresentados o Manual de Normalização de Publicações Institucionais da Justiça do Trabalho, a cargo de Karin Schiessl e Adriana Cristina Bósio, e o projeto de memória no patrimônio bibliográfico, com Cristiane Ferreira. No turno da tarde, ocorreu o Café com Literatura com a autora Emanuela Ribeiro, autora da obra “O Romper das Conchas”. Para encerrar o dia, a bibliotecária Adriana Godoy fez a apresentação do Portal de Periódicos do TRT4.

O segundo dia do evento contou com a participação da palestrante Kassandra Clatworthy para debater a troca de saberes e boas práticas no TST. O encontro também promoveu uma imersão literária com o escritor Stênio Gardel, mediada pela bibliotecária do TRT-7, Rejane Albuquerque. A programação incluiu a apresentação da linha do tempo da Biblioteca do TRT-3 e da base de dados “Direito do Trabalho pelo Mundo”, com os bibliotecários Márcia Lúcia Neves e Bruno Taunay, além da apresentação do GT – Sistema de Automação de Bibliotecas, por Carlos Novaes. O evento foi encerrado com a elaboração da Carta de Fortaleza, documento com recomendações do encontro.

 Valorização do livro e da profissão

O corregedor do TRT-7, desembargador João Carlos de Oliveira Uchoa, celebrou a realização do encontro, destacando sua paixão pelos livros. “O livro é uma das minhas paixões. Desde cedo, eu me acostumei a ler e é difícil o dia em que eu não leio ou releio algo”, afirmou.

O desembargador Uchoa ressaltou a importância histórica das bibliotecas, remontando às suas origens na Mesopotâmia e no Egito Antigo, e a figura do bibliotecário como “o sucessor daqueles idealizadores” que cuidavam do conhecimento. Apesar do avanço tecnológico e da popularização dos e-books, ele defendeu que o livro físico ainda tem um lugar insubstituível. “Quem gosta de ler tem prazer em pegar e manusear um livro. Essa tecnologia, do meu modo de entender, não consegue superar e nem soterrar a presença do livro no nosso meio”, concluiu.

Tecnologia e humanismo: o desafio do equilíbrio

A desembargadora Regina Gláucia Cavalcante Nepomuceno, gestora regional do Programa Trabalho Seguro no âmbito do Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região, reforçou a importância do evento como uma oportunidade para debater os desafios e oportunidades do setor. Ela parabenizou a bibliotecária do TRT-7, Rejane Albuquerque, pela maestria na elaboração da programação.

Para a desembargadora, a coexistência entre o livro físico e o eletrônico “impõe o desafio contínuo de buscar o equilíbrio entre a modernidade e a tradição”. “Não é possível se deixar paralisar pelo novo, mas também não se pode apagar a história e o conhecimento que foram conquistados”, disse. Ela definiu a missão dos bibliotecários como a de “conciliar os avanços tecnológicos com os valores democráticos, humanistas e igualitários que sempre nortearam a busca do conhecimento”.

Rebijutra: 27 anos de história e conquistas

A palestrante Kassandra Clatworthy, coordenadora de Documentação do Tribunal Superior do Trabalho (TST), representando a Rebijutra, celebrou a história da rede, que se reúne há 27 anos. Ela destacou a regulamentação da rede em 2020, que possibilitou a realização de novas atividades e a maior integração entre os tribunais.

Entre as conquistas da Rebijutra, Kassandra mencionou a adesão de 23 Tribunais Regionais, a criação de grupos de trabalho e o Prêmio CNJ Memória do Poder Judiciário, concedido pela Bibliografia dos 80 Anos da Justiça do Trabalho. “Nesse evento, nós vamos lançar mais um produto colaborativo da rede, que eu espero que nós possamos ganhar mais um prêmio CNJ”, afirmou, anunciando o Manual de Normalização de Publicações Institucionais da Justiça do Trabalho.

Bibliotecas como espaços de humanização

Em seu discurso de boas-vindas, a bibliotecária e anfitriã do evento, Rejane Albuquerque, coordenadora da Seção de Biblioteca do TRT-7, compartilhou uma reflexão sobre o papel das bibliotecas. Ela defendeu que, além de acervos, elas são “verdadeiros equipamentos socioculturais” que promovem a inclusão social e a transformação.

Rejane destacou o “ativismo humano” das bibliotecas em uma era digital. “As bibliotecas, nesse contexto, têm a missão de educar para o uso inteligente e responsável das telas e da inteligência artificial”, disse. Ela alertou que o conhecimento não pode ser reduzido a atalhos e reforçou a importância da leitura de qualidade, da reflexão profunda e da criatividade. “As bibliotecas são, portanto, resistência contra a pauperização do saber. São o coração pulsante do conhecimento, da cultura e da inovação para sociedade”, concluiu, ressaltando que, acima de tudo, as bibliotecas são “espaços de humanização”.

 

Fonte: TRT da 7ª Região 

 

Fonte CSTJ