Comunidade Tumbira apresenta à Justiça do Trabalho modelo de vida sustentável na Amazônia

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11/11/2025 – Após 3h de navegação pelo Rio Negro, representantes da Justiça do Trabalho desembarcaram, na última sexta (7/11), na Comunidade Tumbira, localizada dentro da Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) do Rio Negro, cerca de 60 quilômetros de Manaus. A visita integrou a programação do 10º Encontro Nacional de Sustentabilidade da Justiça do Trabalho, realizado em Manaus.

O encontro reuniu representantes dos tribunais regionais de todo o país com o objetivo de conhecer, de forma imersiva, um modelo de desenvolvimento sustentável baseado em ecoturismo, educação, inclusão digital e preservação ambiental. O evento é organizado pelo Conselho Superior da Justiça do Trabalho (CSJT) e pelo Tribunal Superior do Trabalho (TST), em parceria com o Tribunal Regional do Trabalho da 11ª Região (AM/RR).

Saiba mais: Justiça do Trabalho promove Encontro Nacional de Sustentabilidade em Manaus

Promoção de práticas sustentáveis

O presidente do TRT-11 (AM/RR) e conselheiro do CSJT, desembargador Jorge Alvaro Marques Guedes, ressaltou a relevância simbólica e prática da imersão na Comunidade Tumbira, destacando o exemplo de um modelo de vida sustentável construído no coração da Amazônia. 

“É um orgulho ver uma comunidade tão impregnada pela natureza e evidenciada em termos de sustentabilidade. Tumbira precisa ser levada na mente e no coração de cada um de nós, para que possamos espalhar pelo Brasil o que esta comunidade representa. Que todos possam falar dela como exemplo a ser seguido”, enfatizou.

Já o juiz auxiliar da presidência do CSJT, Otávio Bruno da Silva Ferreira, que é oriundo do TRT-8 (PA/AP) e representou o TST durante o encontro, reforçou o compromisso da Justiça do Trabalho com a valorização das comunidades tradicionais e a promoção de práticas sustentáveis.

“Sou da Amazônia, e é uma honra estar entre os povos da floresta, comunidades que ensinam, que sabem conviver com a natureza e que merecem ser ouvidas”, disse. “A proposta desta imersão é justamente essa: ouvir, aprender e compreender de que forma a comunidade de Tumbira constrói o desenvolvimento sustentável, para que possamos levar essas experiências e aplicá-las na prática, no cotidiano de nossas instituições e territórios”, completou.

Comitiva da Justiça do Trabalho posando com mudar plantadas durante a visitaLaboratório Itinerante e compensação de CO₂

Durante a programação do evento, foi lançado o Programa de Capacitação do Laboratório Itinerante, que contará com uma agenda anual de cursos voltados à formação comunitária. Como parte da iniciativa, foram doados 10 notebooks pelo TRT-11 para equipar o laboratório da comunidade. 

Também foi realizada uma ação educativa de saúde bucal e o plantio de 93 mudas nativas do bioma amazônico, escolhidas pela própria comunidade para compor um sistema agroflorestal. A atividade compensou 29,32 toneladas de CO₂, superando o impacto estimado do evento, calculado em 19,14 toneladas, com base no Inventário de Gases de Efeito Estufa (GEE).

Comunidade Tumbira

Desde 2008, com a criação da RDS do Rio Negro, a Comunidade Tumbira, que pertence ao município de Iranduba (AM), abriga cerca de 140 famílias e vivencia uma transformação social e ambiental contínua. A implantação da unidade de conservação trouxe acesso à educação, saúde e novas oportunidades de trabalho. 

Com o apoio da Fundação Amazônia Sustentável (FAS), a economia local passou da extração madeireira para atividades sustentáveis como ecoturismo, agricultura familiar, pesca artesanal e bioeconomia, consolidando um novo modelo de geração de renda baseado na valorização da floresta em pé.

Confira mais fotos da visita no Flickr do TRT da 11ª Região (AM/RR).

Turismo e renda

A comunidade desenvolve atividades de ecoturismo e artesanato como estratégias de geração de renda para os moradores, valorizando os recursos naturais e culturais da região. Entre os principais atrativos está a trilha na floresta, que proporciona uma experiência profunda de imersão na paisagem amazônica, onde visitantes têm a oportunidade de observar a fauna e a flora locais, conhecer árvores nativas de grande porte, como a sumaúma, e vivenciar o modo de vida comunitário em harmonia com a natureza. 

Os representantes da Justiça do Trabalho participaram da trilha ecológica e vivenciaram a conexão com a floresta e com os saberes tradicionais compartilhados pelos moradores. Sentiram o calor da natureza viva, escutaram os sons da mata e participaram de uma saudação simbólica à floresta, conduzida pelo líder social Roberto Brito de Mendonça, empreendedor de turismo e responsável pelas trilhas. Para ele, mais do que um passeio, o percurso representa um convite à escuta, à valorização da cultura local e à força coletiva que sustenta a comunidade.

“Durante a trilha, fazemos uma saudação à floresta, conectando a batida do nosso coração ao som das sapopemas, raízes da gigante sumaúma. Vocês [representantes da Justiça do Trabalho] estão na Amazônia, e isso é muito significativo”, disse. “O verdadeiro desenvolvimento nasce desse entendimento. Aqui, todos são doutores, mesmo sem diploma. Nosso vocabulário é popular, mas nosso conhecimento é profundo. Hoje estou aqui com uma visão coletiva, somando o conhecimento de vocês com o nosso”, completou.

Foto aérea da comunidade e do Rio Negro

Transformação da comunidade

Ao longo dos anos, a economia local migrou da extração madeireira para atividades sustentáveis, promovendo geração de renda com base na valorização da floresta em pé. Como comunidade ribeirinha, Tumbira investe em iniciativas voltadas à educação, saúde, tecnologia e bem-estar social, fortalecendo a permanência das famílias no território e ampliando oportunidades para as novas gerações.

A transformação local se entrelaça com a trajetória de vida do líder social Roberto de Mendonça, que compartilhou a história durante a recepção aos representantes da Justiça do Trabalho. Ex-madeireiro, ele começou a derrubar árvores aos 12 anos, assim como fizeram o pai e o avô, e por 26 anos teve acesso apenas a esse modelo de sobrevivência. Hoje, ao empreender com a preservação, é um dos principais defensores da floresta em pé e do turismo de base comunitária, símbolo da mudança vivida pela comunidade.

Com informações do TRT da 11ª Região (AM/RR)

Fonte TST