Participação dos partidos é essencial para inclusão das mulheres na política, defende GT do MP Eleitoral
Em evento, coordenadora do grupo lembrou que lei prevê atualização dos estatutos partidários para combater violência política de gênero
Foto: Leobark/Secom/MPF
Branquinho representou o vice-procurador-geral Eleitoral, Paulo Gonet, no evento dessa terça-feira (28), em Brasília. A solenidade marcou o início da Campanha Nacional de Combate à Violência Política contra Mulheres, que conta com o apoio do MP Eleitoral e de outras instituições. A ação ganha espaço diante do aumento nos casos de violência política de gênero e da inovação no ordenamento jurídico brasileiro com a primeira legislação específica sobre o tema – Lei 14.192/2021. A lei classificou como crime condutas violentas praticadas contra mulheres no ambiente político. O evento reuniu parlamentares, ministras de Estado, representantes do Poder Judiciário, de entidades de classe e da sociedade civil.
Segundo a coordenadora do GT, essa participação ativa está prevista na nova legislação, em vigor desde 2021, mas ainda encontra resistência nos partidos, diante da estrutura patriarcal e machista da sociedade como um todo. A Lei 14.192/2021 estabelece que os estatutos partidários devem conter normas de prevenção, repressão e combate à violência política contra a mulher. “Temos uma legislação e um microssistema que garante a participação feminina mais efetiva na política. Precisamos agora cumprir a legislação que já conquistamos, por meio de um trabalho político intrapartidário”, ressaltou.
Diante de um cenário em que somente 17% da população feminina ocupa as cadeiras da Câmara dos Deputados e 10% as do Senado Federal – sendo que 53% da população brasileira é composta por mulheres – Branquinho considera indispensável a criação de uma consciência intrapartidária, para que espaços de decisão sejam ocupados por mulheres e os partidos desenvolvam políticas constantes para facilitar a participação feminina na política, não apenas às vésperas das eleições. A falta de um trabalho constante nessa vertente, na avaliação dela, resulta em um cenário eleitoral com candidaturas femininas fictícias, cassação de chapas beneficiadas por fraudes à cota de gênero, problemas na Justiça e no próprio parlamento.
Risco de retrocesso – Durante o evento, a procuradora alertou, ainda, para a tramitação de projetos legislativos que vão no caminho contrário à integração das mulheres na política, como a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 9/2023. O projeto pretende alterar a Emenda Constitucional 117/2022, para impedir a aplicação de sanções aos partidos que não preencheram a cota mínima de recursos ou que não destinaram os valores mínimos em razão de sexo e raça nas eleições de 2022 e anteriores.
Atualmente, a lei obriga os partidos a aplicarem 5% dos recursos públicos recebidos em ações de fomento à maior participação feminina na política. Além disso, eles devem assegurar um percentual mínimo de recursos para financiar a campanha de mulheres e negros. Caso não cumpram, podem ser condenados ao pagamento de multa ou à suspensão de repasses dos fundos partidário e de campanha. “Conceder anistia vai agravar a situação de qualquer política afirmativa de cotas e a participação feminina no parlamento brasileiro”, concluiu.
*Crédito da imagem da procuradora Raquel Branquinho: Billy Boss/Câmara dos Deputados
Fonte MPF